Cultura inútil: O que eles disseram
Por Mouzar Benedito.
Albert Einstein: “Só os estúpidos precisam de organização. Os gênios controlam o caos”.
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Goethe: “O homem de bom senso jamais comete uma loucura de pouca importância”.
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Humberto de Campos: “A evolução da sociedade é feita, aliás, não pela democratização das elites, mas pela aristocratização da plebe”.
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Afonso Schimidt: “As prostitutas têm sido mais úteis aos homens do que Moisés ou Zoroastro”.
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Juca Chaves: “Água morro abaixo, fogo morro acima e mulher quando quer dar, ninguém segura”.
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Camilo Castelo Branco: “Se começarmos a ver o mundo tal qual é, a poesia acaba toda”.
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Afrânio Peixoto: “De todas as incapacidades humanas a mais certa é a de prever”.
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Mae West: “Entre dois males, escolho sempre aquele que ainda não experimentei”.
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Júlio Ribeiro: “Dos insubmissos tem emanado todo o progresso social”.
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Dom Francisco Manuel de Melo: “Nunca me arrependi do que não disse”.
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Millôr Fernandes: “Psicanalista é uma espécie de mágico que tira cartolas de dentro dos coelhos”.
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Medeiros e Albuquerque: “Estudando as origens de quase todas as cerimônias religiosas, vê-se que elas são, ora pueris, ora grosseiras”.
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Marilyn Monroe: “Os homens passam, os diamantes ficam”.
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Latino Coelho: “Dantes havia público e autores, homens que liam e poucos que escreviam; hoje é o contrário – todos escrevem, e ninguém lê”.
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Stanislaw Ponte Preta: “Macrobiótica é um regime alimentar para quem tem 77 anos e quer chegar aos 78”.
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Juracy Magalhães (governador da Bahia durante a ditadura): “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”.
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General Figueiredo (quando o último presidente da ditadura iniciada em 1964, quando perguntado o que faria se fosse operário e ganhasse salário mínimo): “Dava um tiro no coco”.
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Jarbas Passarinho (quando era ministro da Educação e, como os outros ministros, assinou o AI-5): “Às favas com os escrúpulos”.
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Plínio Salgado: “O integralismo nega a eficácia do voto, nega a concepção democrática do cidadão, condena o sufrágio universal”.
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Assis Chateaubriand: “A clareza se revolta contra a religião, que é a obscuridade, o simbolismo e o mistérios”.
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Garrincha (enquanto os demais jogadores comemoravam a vitória sobre a Suécia e a conquista da Copa do Mundo, em 1958): “Que torneio mixo! Não tem nem segundo turno?”.
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Marquês de Maricá: “Os homens mais respeitados não são sempre os mais respeitáveis”.
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Capistrano de Abreu: “Constituição brasileira, artigo único: todo brasileiro é obrigado a ter vergonha”.
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Heitor Moniz: “De vez em quando sopra na humanidade o vento da loucura. Há um grande entusiasmo coletivo. Os povos sublevam-se, tomam as armas, fazem a revolução”.
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Machado de Assis: “Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas”.
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Guimarães Rosa: “Trabalho não é vergonha, é só uma maldição”.
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Mark Twain: “Uma mentira é capaz de dar a volta ao mundo enquanto a verdade ainda calça os sapatos”.
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Agripino Grieco: “A sarna é uma das poucas distrações que restam aos pobres”.
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Victor Hugo: “Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha”.
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Viana Moog: “Temos a capacidade de tornar sensacional o que em si mesmo não tem a menor importância”.
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Abraham Lincoln: “A melhor forma de destruir seu inimigo é converter-lhe em seu amigo”.
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Roquette Pinto: “Os escravos sempre serviram para carregar, entre outros fardos, a culpa dos senhores”.
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O povo (nome de um bloco de carnaval do Rio): “Simpatia é quase amor”.
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Charlie Chaplin: “A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe”.
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Carmem Mayrink Veiga: “Há duas coisas que nunca pretendo fazer: esportes e trabalhar”.
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Vinícius de Moraes: “O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado”.
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Galeão Coutinho: “O charuto é a chaminé da prosperidade”.
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Voltaire: “É perigoso estar certo quando o governo está errado”.
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Luís Fernando Veríssimo: “Às vezes, a única verdade em um jornal é a data”.
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Gondin da Fonseca: “Judas era um cidadão respeitável comparado a certos entreguistas do Brasil”.
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Mário Quintana (sobre seus críticos): “Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão… eu passarinho”.
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Chico Xavier: “Ambiente limpo não é o que mais se limpa. É o que menos se suja”.
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Marquês de Maricá: “O roubo de milhões enobrece os ladrões”.
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Walther Waeny: “O homem é um animal racional. Racional, às vezes; animal, quase sempre”.
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Graciliano Ramos: “Tanto faz morrer assim como assado. Tudo é morrer. Crucificado ou de prisão de ventre, em combate glorioso ou forca, o resultado é o mesmo”.
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Roberto das Neves: “O mundo começou por um incesto e um fratricídio, e até hoje não melhorou”.
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Câmara Cascudo: “Nações e frutos têm sua hora natural de maturação”.
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O povo (ditado popular): “Casa de mulher feia não precisa de tramela”.
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Constâncio Alves: “Há anedotas que passam de celebridade em celebridade, como roupas de aluguel, que passam de corpo em corpo”.
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Érico Veríssimo: “A gente foge da solidão quando tem medo dos próprios pensamentos”.
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O povo (dito popular): “O tempo tudo cura, menos a velhice”.
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César Zama: “Suicidem-me os senhores, porque por minhas mãos eu não me suicido”.
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Paula Nei: “A maternidade é um fato, mas a paternidade é um problema”.
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Carlito Maia: “Quem tem mãe não sabe o que está perdendo”.
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Aristides Ávila: “A diferença é a seguinte: apetite é fome de quem tem o que comer; fome é apetite de quem não tem o que comer”.
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Antônio Carlos de Andrada (governador de Minas, pouco antes de estourar a revolução de 1930): “Façamos a revolução antes que o povo a faça”.
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Pedro Ferreira da Silva: “A família é uma comuna dentro de uma sociedade que condena o comunismo”.
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Groucho Marx: “Acho que televisão é muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro”.
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Ferreira de Almeida: “Atleta é um indivíduo que é forte demais para trabalhar”.
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Lula (num comício pelas eleições diretas, em 1987): “Se disputasse uma eleição, os votos do Sarney não dariam para encher um penico”.
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Jules Lévy: “O ventre é a primeira sala de espera”.
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Paulo Leminski: “A vida não imita a arte. Imita um programa ruim de televisão”.
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Clarice Lispector: “Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
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Menotti Del Picchia: “Todos têm medo da felicidade porque a felicidade se parece muito com a morte”.
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Cid Cercal: “A ignorância das ignorâncias é a ignorância da própria ignorância”.
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Darcy Ribeiro: “Mestrado é só para mostrar que o sujeito é alfabetizado, pois a metade dos que estão na Universidade não sabe ler”.
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Mário Pires (meu amigo, tomando uma cachaça): “Mens sana, in corpore cana”.
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Paulo Francis (há quem atribua essa frase a Jaguar): “Intelectual não vai à praia. Intelectual bebe!”.
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Jânio Quadros (esta sim, eu tenho quase certeza que foi dita por Jaguar, quando lhe perguntaram porque ele bebia, mas Jânio ficou com a fama): “Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, eu comia”.
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Maxim Gorki: “Esse negócio de ‘busca de Deus’ deve ser proibido por algum tempo. Afinal, é uma ocupação totalmente inútil”.
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Geraldo Tartaruga (contador de causos de São Luiz do Paraitinga): “Antigamente, o diabo aparecia pros fazendeiros. Agora não aparece mais, porque tem medo”.
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Bocage: “A vida é filha da puta, / a puta é filha da vida… / Nunca vi tanto filho da puta / na puta da minha vida”.
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Emílio de Meneses: “Beber é uma necessidade, saber beber uma ciência, embriagar-se uma infância”.
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Jorge Luis Borges: “O casamento é um destino pobre para uma mulher”.
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Lima Barreto: “Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa”.
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Gino Meneghetti: “O comerciante é um ladrão que tem paciência”.
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Beppe, avô de Meneghetti, quando soube que o neto, ainda menino, havia praticado roubos, e o aconselhando a não ser um ladrãozinho: “Muitos dos homens bem colocados que você vê aqui em Pisa são ladrões refinados, mas roubam dentro da legalidade. São ladrões da pátria, ladrões de salão. Roubam e a lei ainda lhes presta honras, porque dependem deles para aumentos, nomeações e outras coisas. Durante sua vida você vai ver muitos destes, vá em que país for, porque o mundo está cheio deles. São vigaristas e ladrões, mas vigaristas e ladrões bem sucedidos. Roubam milhões e nada acontece”.
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Barão de Itararé: “O casamento é uma tragédia em dois atos. Um no civil e um no religioso”.
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Por que não terminar com algo de minha autoria? Lá vai: “Entrou por um ouvido e saiu pelo outro: foi tiro de fuzil”.
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996) e Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.
Adorei esta “cultura inútil”, pois tem muitas verdades…
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