Lançamento Boitempo: “Trabalhadores, uni-vos!”
A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) se tornou símbolo da luta de classes e influenciou as ideias de milhões de trabalhadores ao redor do planeta. O aniversário de 150 de sua fundação, em 1864, oferece uma importante oportunidade de reler suas resoluções e aprender com as experiências de seus protagonistas, para repensar os problemas do presente. Com textos inéditos, cuidadosamente selecionados e traduzidos, Trabalhadores uni-vos configura um arquivo de valor inestimável para a história e a teoria do movimento dos trabalhadores, bem como para a crítica do capitalismo.
O livro conta ainda com uma extensa introdução crítica do organizador Marcello Musto, apresentando e contextualizando as diverentes vertentes e resoluções em jogo. O filósofo político italiano está no Brasil para participar do monumental encontro “A Internacional, 150 anos depois“, que anima debates em oito cidades brasileiras, com alguns dos maiores estudiosos de comunismo e da classe trabalhadora no Brasil e no mundo. Mais informações ao final deste post!
Leia, abaixo o texto de orelha, assinada por Paulo Barsotti
Esta preciosa antologia política organizada por Marcello Musto, de manifestos, documentos e intervenções da AIT – Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1872), a “primeira” Internacional –, é uma excelente maneira de brindar aos seus 150 anos de fundação.
É bem-vinda e oportuna porque repõe um dos episódios de maior vitalidade da práxis histórica dos trabalhadores do século XIX nestes dias de profunda desorganização, depressão ideológica e submissão do trabalho ao capital.
Reproduzindo o debate das diversas correntes ideológicas do movimento dos trabalhadores, esta publicação desintoxica, oxigena e municia corações e mentes para a compreensão e o enfrentamento das mazelas do presente e dos desafios futuros do mundo do trabalho.
A escolha dos textos – grande parte inédita no Brasil – que compõem o volume apresenta pelo menos três eixos fundamentais.
O primeiro recai no desenho econômico e político organizativo da futura sociedade projetado pelos protagonistas da AIT. O segundo trata das questões internacionais no conturbado contexto europeu das décadas de 1860 e 1870 do século XIX, marcado por guerras de libertação nacional e movimentos insurrecionais (Irlanda e Polônia), de guerra civil (Estados Unidos), de guerra entre nações (franco-prussiana) e da primeira revolução proletária (Comuna de Paris). E, finalmente, o terceiro eixo, a questão política, das suas formas, do debate entre a luta política versus abstencionismo, do fim do Estado.
Surgem ainda outros temas de relevância, como as questões de organização e forma da luta sindical, crédito, cooperativismo, propriedade coletiva, a questão fundiária, sobre o direito ou abolição de herança, internacionalismo e nacionalismo.
Diante dessa extensa pauta, expressando seu caráter de federações de organizações e movimentos, tomam postos na tribuna da AIT e animam o debate tradeunionistas, owenistas, marxistas, bakuninistas, blanquistas, mazzinistas, proudhonianos, entre outros.
Nesse ponto, expondo as manifestações de um leque amplo de militantes, esta antologia se diferencia daquelas vinculadas a uma certa ortodoxia, que viam a AIT não como trabalho coletivo, mas como exclusivamente restrita à figura e à participação de Marx, interrompida em 1872.
Ainda que o Doutor Vermelho – como os jornais burgueses da época se referiam a Marx após a Comuna de Paris – tenha escrito os documentos mais importantes de seu Conselho Geral e tenha sido sua alma, obviamente a AIT, um dos mais importantes feitos da humanidade, não pode ser reduzida à sua personalidade ou à de qualquer outro protagonista.
Um destaque final à competente introdução de Marcello Musto, que muito contribui para tornar esta antologia política leitura indispensável para estudiosos, militantes do movimento dos trabalhadores e para todos aqueles que se interessam pela ciência da história.
Paulo Douglas Barsotti
Crítica sobre o livro
“Uma extraordinária coletânea”
– Noam Chomsky
“Trabalhadores, uni-vos! talvez contenha a lição mais importante para nossa época. Neste livro, a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores recebe, por ocasião de seu 150º aniversário, uma saudação à altura de um dos maiores, ainda que nem tão conhecido, feitos da humanidade. Uma coletânea excepcional, muitas vezes surpreendente, jamais tediosa, e repleta de insights e discussões, em grande parte – infelizmente – ainda relevantes. Altamente recomendável para todos aqueles que mantêm a mente jovem o suficiente para aprender algo verdadeiramente novo com o que parece velho e ultrapassado.”
– Bertell Ollman
“O conhecimento da história e da experiência da Internacional, tão bem apropriado por Marcello Musto nesta obra, é absolutamente indispensável para todos os que, diante da barbárie capitalista contemporânea, querem travar a luta – democrática, unitária e sem fronteiras – por um mundo livre da exploração, da opressão e da alienação.”
– José Paulo Netto
“Trabalhadores, uni-vos! ajuda-nos na assimilação crítica da luta e dos saberes plurais que expressaram o amadurecimento da classe operária desde a época da Primeira Internacional. Eis aqui um livro que deve ser lido por todos os socialistas.”
– Leandro Konder
“Esta formidável coleção de documentos, publicada por ocasião do 150º aniversário de fundação da Primeira Internacional, é importantíssima para nós não só pela riqueza do material reunido, mas pela lição que ela nos dá: uma Associação Internacional de Trabalhadores unitária, plural, combativa, aglutinando partidários de Marx, Proudhon, Blanqui, Bakunin, comunistas, socialistas e anarquistas que, apesar de suas divergências, souberam se unir em torno da primeira grande revolução proletária, a Comuna de Paris de 1871. A história não se repete, mas a AIT é um belo exemplo para os internacionalistas do século XXI!”
– Michael Löwy
“Este livro maravilhoso organizado por Musto responde à pergunta: o que significa construir uma revolução? Naqueles dez anos em torno da Comuna de Paris, os comunistas responderam a essa pergunta propondo uma distopia: não tentaram o impossível, mas mostraram ser possível realizá-lo. Com a fundação da Internacional, a classe operária reivindicou seu realismo político.”
– Toni Negri
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A próxima edição da Margem Esquerda contará com um especial 150 anos da AIT, coordenado por Ricardo Antunes com artigos de Michael Löwy e Marcello Musto. Os três participam do encontro internacional “AIT, 150 anos depois”, realizado em oito cidades brasileiras. O evento reúne alguns dos mais importantes estudiosos do comunismo e da classe trabalhadora no Brasil e afora. Confira a programação completa do evento aqui.
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