Lançamento Boitempo: “Tempo, trabalho e dominação social”, de Moishe Postone
Chega às livrarias o aguardado Tempo trabalho e dominação social, de Moishe Postone. O livro, que pode ser considerado o mais importante de Postone, propõe uma radical reinterpretação da teoria crítica de Marx. Fortemente influenciado pela Escola de Frankfurt, mas empenhado em superar as aporias conceituais de sua primeira geração intelectual, bem como a guinada linguística encabeçada por Jürgen Habermas em sua vertente contemporânea, Postone demonstra como todos os recursos para uma crítica viável da sociedade moderna se encontram na própria obra de Marx.
Virando de ponta cabeça uma série de pressuposições do marxismo tradicional, como trabalho, totalidade, história, dominação e sujeito histórico – tema de um novo artigo de sua autoria que sai na próxima edição da Revista Margem Esquerda #23, prevista para outubro – a obra de Postone é uma das contribuições mais importantes para a renovação do marxismo após a derrocada do socialismo real no final do século XX. A opinião é de Eleutério Prado, que assina a orelha do livro:
Leia, abaixo o texto de orelha do livro, assinado por Eleutério Prado
A obra de Moishe Postone, ora publicada em português, é uma das contribuições mais importantes para a renovação do marxismo após a derrocada do socialismo real ocorrida no último quartel do século XX. Surgida em 1993, em inglês, apresenta uma releitura dos textos do Marx maduro com a finalidade de fazer a crítica do marxismo tradicional e do “socialismo realmente existente”.
Em sua perspectiva, o autor de O capital não condenara o capitalismo apenas como um modo de exploração baseado na propriedade privada dos meios de produção, mas o demarcara principalmente como uma estrutura de relações sociais que subordina os seres humanos a imperativos sistêmicos sem que disso tenham consciência. Assim, Tempo, trabalho e dominação social recoloca no centro da crítica marxiana a questão da alienação e do fetichismo em detrimento da questão da apropriação do mais-valor, quando esta última é entendida meramente como problema de poder repartitivo.
Segundo Postone, para o marxismo tradicional, a teoria do valor marxiana teria validade transistórica; em consequência, pensara que a regulação social do valor-trabalho teria operado antes, operava durante e operaria depois do capitalismo. Chegara a esse entendimento porque tomara a crítica de Marx como crítica do capitalismo do ponto de vista do trabalho, quando, na verdade, esse autor fizera uma crítica do trabalho no capitalismo. O valor-trabalho, como categoria da produção de mercadorias, surge, assim, como historicamente específico. Ele é a chave que permite abrir o segredo da dominação sistêmica característica do modo de produção capitalista. Funda, também, as formas da vivência social em geral, em particular, a experiência do tempo nesse modo de produção.
Nessa óptica, a mera substituição da propriedade privada dos meios de produção pela estatal não podia produzir a superação do capitalismo. Para superá-lo, na perspectiva trazida à luz por Postone, é preciso superar o próprio valor-trabalho como regulador social ou, o que é o mesmo, abolir o trabalho alienado. Nessa leitura o advento do socialismo sempre exigiu, segundo o próprio Marx, a eliminação da forma mercadoria e, portanto, da forma dinheiro. As teses de Postone abriram caminhos para a renovação dos debates no interior do marxismo mas foram também criticadas por desconsiderarem a luta de classes na transformação do capitalismo.
Eleutério F. S. Prado
Republicou isso em Eus-R.
CurtirCurtir
“Assim, Tempo, trabalho e dominação social recoloca no centro da crítica marxiana a questão da alienação e do fetichismo em detrimento da questão da apropriação do mais-valor, quando esta última é entendida meramente como problema de poder repartitivo.”
Caralho, os marxistas conseguem se superar na pseudagem intelectual. Este trecho parece que foi escrito pelo gerador de lero-lero.
CurtirCurtir