Salve o verdão!
Por Izaías Almada.
Além da Copa do Mundo, o grande evento esportivo do ano de 2014 no Brasil, há que se destacar também o centenário da Sociedade Esportiva Palmeiras, o glorioso verdão, uma das melhores equipes do futebol brasileiro em todos os tempos.
Que me perdoem alguns adversários, em particular corintianos e flamenguistas, times que têm as maiores torcidas no país. Um levantamento objetivo, desapaixonado da história do nosso futebol irá mostrar, com certeza, principalmente após as copas mundiais de 1950 e 2014, ambas disputadas e lamentavelmente perdidas em pleno Maracanã e Mineirão, os quatro clubes brasileiros que formaram equipes maravilhosas e que encartaram o Brasil e o mundo ao longo dos tempos: Santos, Botafogo, Palmeiras e Cruzeiro.
Se alguém, mais jovem ou menos informado, pensa que Neymar, Hulk, Lucas, Júlio Cesar, Paulinho, Dedé, Maicon, Ramires, Oscar, com todo respeito a esses atletas e nossos astros do momento, vou aqui dar uma discreta relação de jogadores dos quatro clubes acima mencionados e que podem figurar na galeria dos inesquecíveis em futebol: Gilmar, Zito, Mengalvio, Pelé, Coutinho, Djalma Santos, Ademir da Guia, Mazzola, Vavá, Julinho, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Amarildo, Jairzinho, Zagalo, Piazza, Tostão, Dirceu Lopes, Zé Carlos. Todos eles, como se costumava dizer, jogavam por música.
Tornei-me palmeirense em 1951, ainda criança, quando o verdão venceu um torneio internacional disputado contra equipes de categoria indiscutível na época, título somente reconhecido há dias pela Fifa: Nacional do Uruguai, Sporting de Portugal, Áustria Wien, o Nice da França, Estrela Vermelha da Iugoslávia, Juventus da Itália e o Clube de Regatas Vasco da Gama.
Muito embora o futebol tenha perdido boa parte do charme que sempre desfrutou entre milhões de adeptos em todo o mundo, tornando-se um esporte invadido por mercenários e mafiosos – e não faltarão casos para ilustrar essa afirmação – resta para os torcedores mais velhos como eu aquela brasinha de paixão pelo clube da sua infância.
Sessenta e quatro anos se passaram e uma Copa do Mundo voltou a ser disputada no Brasil. Desta vez num cenário mediático ampliado e recheado dos mais variados interesses, quer fossem eles políticos, comerciais, financeiros e até mesmo esportivos…
Sem falar de algum banditismo que hoje permeia inúmeras atividades do ser humano em qualquer parte do mundo.
Depois da festa maior da Copa do Mundo, vencida com justiça pela Alemanha, outra irá ajudar a abrilhantar o cenário esportivo brasileiro nas próximas semanas: a inauguração do novo estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras, tradição e glória do futebol brasileiro.
Em meio a toda a alegria palmeirense, entretanto, surge uma nefasta e perversa previsão esse segundo semestre de 2014: tanto a Sociedade Esportiva Palmeiras como a República Federativa do Brasil poderão cair para a segunda divisão.
Espero, sinceramente, que tais desastres não façam parte da providência divina…
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Izaías Almada, mineiro de Belo Horizonte, escritor, dramaturgo e roteirista, é autor de Teatro de Arena (Coleção Pauliceia da Boitempo) e dos romances A metade arrancada de mim, O medo por trás das janelas e Florão da América. Publicou ainda dois livros de contos, Memórias emotivas e O vidente da Rua 46. Como ator, trabalhou no Teatro de Arena entre 1965 e 1968. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quintas-feiras.
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