E se não tiver Copa?

14.05.26_saci_e se nao tiver copaPor Mouzar Benedito.

A pergunta que faço aos militantes do movimento “Não vai ter Copa”, e aos não militantes também, é essa: se esse movimento tiver sucesso e não acontecer a Copa do Mundo no Brasil, o que acontecerá? Que resultados teremos?

Compartilho com todo esse pessoal a indignação com o destino de muitos bilhões de reais para um evento efêmero, indo boa parte dessa grana parar nas contas bancárias de empreiteiras mutreteiras, políticos safados, mercantilizadores do esporte e instituições imperiais corruptas e mandonas. E acredito que idealizadores desse movimento sejam contra o capitalismo e odeiem a Fifa e a CBF. Compartilho isso também.

Talvez eu precise tomar conhecimento do “e daí? O que faremos em seguida?”, para poder embarcar nessa campanha também. Mas enquanto não souber o conjunto todo da proposta, prefiro outras vias. Não sei se haverá o que modernamente chamam de “empoderamento” do povo, se será criado um clima para derrubada do capitalismo ou, pelo menos, se haverá uma mudança na política brasileira que ponha fim a um Congresso vendilhão, que só funciona à base do toma-lá-dá-cá.

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COPAS PASSADAS NÃO MOVEM MOINHOS?

Antes de voltar a discutir a Copa de 2014, gostaria de lembrar de algumas outras copas que “presenciei” à distância.

Minha primeira Copa foi a de 1958. Tinha 11 anos de idade, estudava na primeira série do curso ginasial e ganhava um dinheirinho vendendo frutas e engraxando sapatos, morando numa cidade do Sul de Minas com cerca de dois mil habitantes na área urbana.

Não tínhamos rádio, assim como a maioria da população. Numa cidade em que o dinheiro circulava pouco, era difícil comprar qualquer coisa industrializada que não fosse de primeira necessidade. Então, fomos todos para a frente do cinema – isso mesmo, naquela época, uma cidade minúscula tinha cinema! – ouvir a final Brasil X Suécia pelo alto-falante instalado ali. Uma multidão vibrava na praça. E a conquista do campeonato foi como uma declaração de poder, de tomada de uma autoestima inédita. Acabava-se o mito de que brasileiro era perdedor por natureza.

Na Copa seguinte, de 1962, a conquista foi como uma reafirmação dessa autoestima.

Em 1970, já morando em São Paulo e estudando na USP, com ideias de esquerda – que preservo e até radicalizo –, no auge da ditadura, havia também uma pedra no meio do caminho: se o Brasil vencesse, a ditadura ia faturar em cima, ganhar mais popularidade. Por isso, corria a proposta de torcer contra o Brasil. Mas durou pouco: assistimos e vibramos no pátio do prédio de Geografia e História, todos os jogos do Brasil. E a ditadura realmente faturou em cima. Enquanto se torturava e matava opositores do regime nos porões da ditadura, ouvia-se direto a música “Pra frente, Brasil”. Mas até os presos políticos, em boa parte, torceram pela seleção, que jogou bem e bonito, mereceu vencer.

Em 1982, na Espanha, a seleção jogava bonito como nunca, mas perdeu. Foi uma tristeza imensa, mas até hoje se reconhece o valor daquele time. Acredito que pelo menos o pessoal um pouco mais velho se lembra dela com mais saudade do que das seleções vencedoras de 1994 e 2002. E a perda serviu para os burocratas do futebol se dedicarem a exigir um abandono do chamado futebol-arte, imitando o futebol-força europeu. Uma pena. Quando o Barcelona se tornou o time que vencia jogando bonito, o técnico disse que estava fazendo com o time simplesmente o que aprendeu vendo o Brasil jogar “antigamente”.

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VOLTANDO A 2014

Acredito que se, há seis ou sete anos, houvesse um plebiscito para decidir se o Brasil disputaria o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, o sim venceria fácil. Pouca gente era contra.

Mas se fôssemos informados de todas as condições que a Fifa impôs e o governo brasileiro aceitou, de nos submetermos a essa instituição imperialista como colonizados sem vontade própria, obedientes e subservientes, aí sim, acredito que o “Não vai ter Copa” seria quase unânime.

O Brasil se submeteu. Numa linguagem vulgar, abriu totalmente as pernas. A Fifa manda e desmanda. Para começar, houve a escolha das cidades que sediariam os jogos. A Fifa impôs o que quis. Por que escolher, por exemplo, Natal, que não tinha um estádio à altura, nem tanta torcida, além de ser relativamente perto de duas sedes – Fortaleza e Recife – e deixar de fora Belém, que já tinha um estádio pronto, “padrão Fifa”, na linguagem atual, e além disso tem uma torcida enorme que freqüenta esse estádio para ver jogos do Payssandu e do Remo?

Como torcedor do Internacional, que tem o Saci como mascote, pergunto: por que deixar de lado um estádio pronto, também “padrão Fifa”, recém-construído pelo Grêmio e ter que fazer um estádio novo, do Inter?

Como simpatizante do Corinthians, perguntou: por que deixar de lado o estádio do Morumbi, que se fosse na Europa seria festejado pela Fifa, e fazer um estádio do zero em Itaquera, com o custo de quase um bilhão de reais, fora as obras do entorno?

E o caso do Maracanã? O estádio passou por uma grande reforma para os Jogos Panamericanos, estava quase “zero quilômetro” e a Fifa exigiu que fosse posto abaixo para ser refeito, a um custo de mais de um bilhão e muitos problemas.

A grana tinha que rolar alto, não é? Quanto mais gastos, mais lucros para a Fifa. E para empreiteiras também: é comum aqui ganhar uma concorrência para fazer uma coisa por uma valor e a obra acabar custando muitas vezes mais. Além disso, fazendo de propósito que a obra atrase, encosta-se o poder público na parede: “Se não puser muito mais grana, não vai ficar pronto a tempo”. Claro que os atuais assentados no poder não fizeram nada para mudar isso. E claro também que a “culpa” tem muito a ver com o tão glorificado empresariado, tratado como honesto e não sei que mais pela mídia e por uns babacas que fingem acreditar que existem corruptos sem existirem corruptores.

E a questão “do” mascote (sei que mascote é palavra feminina, mas ninguém fala “a” mascote)?


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PERNETA, E DAÍ?

Mesmo sabendo que a Fifa (e a CBF também) encara o esporte como um negócio, simplesmente, propusemos o Saci como mascote da Copa. Já expus várias vezes o motivo. Em síntese, o Saci era um indiozinho guarani, foi transformado em negro e ganhou o gorrinho mágico presente em mitos europeus, então é uma síntese do brasileiro.

Nesses tempos em que se fala tanto em meio ambiente, o Saci tem a vantagem de ser um protetor da floresta.

Nesses tempos em que se fala tanto em combate ao racismo, o Saci tem a vantagem de ser negro. Aliás, maior parte dos jogadores brasileiros, do Pelé aos pernas de pau, é negra.

Nesses tempos em que se fala tanto em aceitar as diferenças, o Saci tem a vantagem de ser perneta. Mas apontam isso como um problema: como chutar bola tendo uma perna só? Brinco: ele tem o apoio do redemoinho.

E mais: mesmo sendo pobre, negro (dois motivos para ser estigmatizado nesta terra que muito teoricamente não tem preconceitos), o Saci é brincalhão e alegre. Quer algo mais brasileiro do que isso?

Escolher o Saci como mascote da Copa seria um recado para o brasileiro olhar para si mesmo, e com certeza não só ele, mas toda a mitologia brasileira seria valorizada, estudada aqui e divulgada fora daqui.

Mas o Saci tem uma qualidade a mais, que para a Fifa e a CBF é um defeito: ele é um personagem pronto. Não seria preciso pagar milhões para uma agência de publicidade… mas também não seria possível cobrar royalties por ele. Qualquer pessoa ou grupo criaria a sua imagem do Saci em camisetas, por exemplo.

Milhares e milhares de pessoas mandaram mensagem para a CBF propondo o Saci como mascote, mas os burocratas comerciantes do futebol não deram nenhuma resposta. Chegamos a pedir que nos explicassem que critérios usariam para escolher o mascote, mas nem deram bola. Nunca falaram sobre isso. É próprio dela e da Fifa. São instituições que se julgam no direito de não precisar dar respostas a ninguém.

Enfim, escolheram o que queriam, mas só depois de patentear os possíveis nomes que o coitado do tatu-bola teria. Muitos bobalhões votaram pela internet, como se estivessem decidindo alguma coisa, para ele ter o fuleiro nome de Fuleco.

Se o Saci não podia ser escolhido por ter uma só perna, o coitado do tatu-bola entra numa situação pior: bola é para ser chutada, não para chutar. E tem esse nome infeliz. Fuleco!

O certo é que acredito que se o Saci fosse mascote, milhões e milhões de brasileiros (além de estrangeiros também) estariam usando camisetas com algum desenho dele com a bola no pé, na cabeça ou no redemoinho. Alguém viu por aí uma camiseta com o Fuleco?

Ah, falam que a escolha do tatu-bola, um animal em extinção, ajudaria as instituições que o pesquisam e tentam fazer que sobreviva, receberiam muito apoio. Uma boa causa, enfim. Mas aconteceu? Vi recentemente nos jornais que a instituição que propôs a escolha do tatu-bola não recebeu um centavo.

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SEM COPA?

Volto agora à possibilidade de não ter Copa.

Nem ponho em questão coisas do tipo “como ficará a imagem do Brasil no exterior”. Será que o capital, as empreiteiras, a Fifa e os corruptos em geral seriam atingidos de alguma forma? Será que alguém acredita que o dinheiro gasto (desperdiçado, na maioria) voltará automaticamente e será usado para construção de casas populares e melhoria dos sistemas de educação e de saúde? Será que os corruptos e corruptores serão identificados e punidos? Será que caminharemos para um sistema econômico mais democrático?

Acredito que o movimento “Não vai ter Copa”, seja mais para “Vai ter Copa, mas com protestos”. Impedir totalmente a sua realização, agora que já houve a gastança toda, me parece que significa perder mais ainda.

Então, pelo menos provisoriamente, minha ideia é que a Copa não só aconteça como seja muito legal, e que a seleção brasileira jogue bem e bonito, e ganhe sempre.

Isso não implica em apoio à Fifa, à CBF, aos que se locupletam superfaturando obras, aos oportunistas nem nada. Que o movimento continue e cobre tudo isso.

Se houver um movimento pós-Copa para que se realize o que ele propõe hoje e vá até muito além, estou dentro, sem perdoar quem quer que seja. Que o Brasil tenha e seja tudo o que querem os ativistas do “Não vai ter Copa”.

Mas não contem comigo para “protestar” depredando pequenos comércios, como bancas de jornais (isso é contra o capitalismo?) e provocações inúteis. Vamos direto ao ponto, contra os que mantêm o sistema econômico e político atual, as injustiças em geral. Contra eles, “tamos aí”.

E não contem comigo, também, para participar de movimentos com nome em inglês. Black, red, seja que cor for, é coisa deles e imitar gringo me parece que é voltar à estaca zero, ao tempo em que ser brasileiro era ser sinônimo de perdedor por natureza. Não que os movimentos gringos sejam em princípio ruins, mas são deles, e pronto. Nos tempos da ditadura e da Guerra Fria, o então ministro Juracy Magalhães disse uma frase que ficou célebre como postura submissa: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Isso me causa ojeriza até hoje.

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SONHANDO UM POUCO

O “Não vai ter Copa” poderia ir um pouco além e conquistar algumas coisas relativas ao próprio esporte.

Um exemplo: é difícil torcer pelo Brasil sem termos jogadores atuando aqui. Foi-se o tempo em que nos identificávamos com os atletas do Santos (Pelé, hoje estaria nesse time?), do Corinthians (viva Sócrates!), do Botafogo (nossa: nele jogaram ao mesmo tempo, Nilton Santos, Garrincha e Didi, depois teve o Gerson), do Flamengo (com Zico e muitos outros), do Cruzeiro (que timaço, com Tostão, Dirceu Lopes e Joãozinho!), do Internacional (time de Falcão)… Agora, para gostar de um jogador é preciso assistir a jogos do Barcelona, do Real Madrid, do Manchester, do Milan e até times da Ucrânia. Não tem graça.

A mercantilização do esporte manda todos os que se destacam para a Europa, então o futebol daqui fica cada vez mais pobre, embora também mercantilizado. E isso não acontece só com o Brasil. Basta dar uma olhada nas escalações de várias seleções para ver que poucos atuam em seus países. Não seria o caso de chamar só jogadores que atuam dentro do país?

Certo, o jogador tem o direito de ir pra Europa ganhar dinheiro, mas teria como opção ganhar aquela grana toda ou ter a possibilidade de jogar na seleção. Podem dizer que nossa seleção ficaria muito mais fraca. E daí? Perder por perder, melhor perder decentemente. Duvido que se na Copa da África do Sul teríamos uma campanha pior do que a seleção do Dunga.

E tem essa coisa de ganhar uma grana exagerada. Fico pensando: como pode um jogador de futebol ganhar num mês o que um trabalhador comum às vezes não ganha na vida inteira? Em alguns casos, o cara ganha num jogo mais do que um proleta em toda a vida. É justo? Poderão dizer: não, não é, mas a coisa funciona assim. Ora, se queremos mudar tudo, com o povo conquistando o poder e fazendo o que lhe é útil, essas coisas estariam na nossa pauta também, não? Assim como apresentadores de televisão que ganham milhões por mês. Vamos radicalizar: concessões de rádio e TV a grupos capitalistas e políticos, privilégios em geral, reforma (preferiria dizer “revolução”) política, lucros de empresas… Gostaria de ter Copa e mudar tudo isso. Inclusive tomar da Fifa tudo o que ela está nos tirando e, se possível, acabar com ela.

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Confira o dossiê especial sobre a Copa e legado dos megaeventos, no Blog da Boitempo, com artigos de Christian Dunker, Flávio Aguiar, Edson Teles, Jorge Luiz Souto Maior, entre outros!

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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996) e Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças. 

5 comentários em E se não tiver Copa?

  1. Mouzar!
    Parabéns pela crônica/texto! Principalmente suas lembranças das Copas de 58 em diante! Obrigada!
    Sobre os desmandos da FIFA, e nossa subserviência, concordo. Só que o que li é que, apesar das Copas que houve em outros países serem efetuadas no máximo em oito estádios, o Sr. Lula foi quem preferiu que aqui fossem efetuadas em 12 (doze!!!) Rsss… socializou bem os custos para nós e,os lucros para os demais!
    Quanto à escolha do tatu realmente, um bichinho sem carisma, para tal!
    O nosso Saci sempre povoou nossa imaginaçãoe, claro muito mais próximo a nós. Enfim…
    Um abraço, com admiração!
    Eliana.

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  2. Renato Modernell // 28/05/2014 às 7:09 pm // Responder

    Mouzar, excelente reflexão, belo texto. Nossas posições, creio, são parecidas. Ou, pelo menos, nossas premissas. É verdade que, a essas alturas do campeonato (neste caso, literalmente), de nada adianta chorar sobre o leite derramado. Mas discordo de você de que a ingerência da Fifa, como representante da “face mais suja do capitalismo”, seja a causa principal de essa copa, no Brasil, ter sido e continuar sendo uma roubalheira fantástica. Todos sabíamos que seria assim. Isso tem muito mais a ver com a nossa cultura “gérsica” e com a qualidade deplorável da grande maioria dos nossos políticos. Com Fifa ou sem Fifa, as coisas por aqui sempre são absurdas, independente do regime ou dos caras que estão lá, com farda ou sem farda. Lembra da Transamazônica? Lembra da ponte Rio-Niterói? E o que dizer, então, da própria construção de Brasília? Acho que não existe um único poste, em todo o país, que não tenha sido superfaturado. Um país que tem 40 ministérios não pode reclamar da Fifa. Abração.

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  3. Parabéns Mouzart ! Sábias palavras, como sempre . Você é o porta voz de muitos de nós.

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  4. Essa estória de “e se não tiver Copa” parece mais um “e se a Copa fosse do nosso jeito, com as nossas tradições, culturas e visão sobre o futebol”? E a resposta, confesso, não é doce: seria um fracasso.

    Fracasso porque o Brasil que está sendo vendido na Copa 2014 é um acessório para a competição, um adereço pasteurizado para atender às massas mundiais mas que nada tem a ver com aquilo que somos, ou que gostaríamos que o mundo visse em nós. Diga-se de passagem, não é só aqui que isso acontece: a Suécia não é só Volvo e ABBA, mas muito de sua fama se deve a “Dancing Queen” e etc.; e os EUA tem muito mais do que somente a Disney, mas o “turistão” não quer nem saber disso.

    Esse Brasil que está na Copa é o que dará lucro. Algum, para a maioria, e muito para os que patrocinam a festa. Essa é a verdade.

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  5. Mouzar

    Adorei!!!!!!

    E também concordo com o Renato Modernell, no ponto que ele discordou de vc: desde o início já dava prá cantar essa bola, de roubalheira, falta total de planejamento… era só ver o vídeo ultra maquiado, que apresentava um Brasil que talvez só o Cabral viu… a frase da filha daquele senhor diz tudo: agora já foi roubado tudo o que dava… e o secretário (“secretário”????????) de Tursimo do Rio que disse que, “depois de muitas análises”, pessoas com deficiência não vão a estádios, não são o público para este tipo de evento……e que taxistas não precisam falar inglês, aqui a gente fala português…….

    Fala sério!!!!!!!! O Ministério Público já foi notificado.

    Dá vontade de ir pro Himalaia, sem acesso a nada e voltar daqui a uns 3 anos…

    Abração
    Marta Gil

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