Lançamento Boitempo: Violência, de Slavoj Žižek

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A Boitempo acaba de lançar o explosivo Violência: seis reflexões laterais, de Slavoj Žižek. A premissa ousada do filósofo esloveno é de que a violência que enxergamos – a que surge imediatamente como agente identificável – é ela própria produto de uma violência oculta, profundamente arraigada nas bases de nosso sistema político e econômico. Em seis breves e provocativos artigos, Žižek lança novas bases para a reflexão acerca do fenômeno moderno da violência e se afirma como um dos mais eruditos, incendiários (e baderneiros) pensadores radicais de nosso tempo. O livro vem ainda acrescido de um posfácio inédito de Mauro Iasi refletindo sobre a relevância da reflexão proposta por Žižek ao quadro brasileiro, além de um prefácio do esloveno escrito especialmente para a edição brasileira.

Confira abaixo o texto de orelha, assinado por Jorge Luiz Souto Maior

Acusam as manifestações populares de violentas. Mas são, em geral, reações a violências constantemente sofridas que não se apresentam como tal. O problema é que a reação da revolta, materializada em ato coletivo, é muito mais facilmente visualizada.

Essa violência concreta acaba sendo o argumento conveniente para a repressão institucionalizada, fazendo com que as vítimas das violências reais sejam novamente violentadas.

Apesar disso, as reações populares pelo mundo só têm aumentado de tamanho e consciência. Como explicar?

As respostas não são simples e neste livro Slavoj Žižek debruça-se sobre os problemas de estagnação do modelo de sociedade atual, que multiplica insatisfações e frustrações pessoais e coletivas. Aponta também para o aumento da percepção das violências originárias, o que foi favorecido pelo acesso à informação.

Uma maior compreensão da origem da violência altera a avaliação sobre o contexto histórico das relações sociais, permitindo-nos visualizar a essência dos conflitos, caracterizada pelos inúmeros e por vezes sutis processos de exclusão. É nesse sentido que Žižek busca delinear os aspectos subjetivos e objetivos da violência, sua expressão visível e também a invisível, indo desde a liberalização da sexualidade e o comunitarismo, passando pela política do medo e o terrorismo fundamentalista, até desembocar na violência divina, incluindo-se aí o ateísmo.

Se a reivindicação por direitos sociais é a forma democrática de se tentar uma saída para uma sociedade à beira do caos, corre-se o risco das repressões aumentarem na mesma proporção. Até quando os homens responsáveis pela construção do direito e pela organização do Estado irão ignorar o grito que vem das ruas? A resposta, meu amigo, como diria Bob Dylan, “está soprando no vento”…

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Jorge Luiz Souto Maior é um dos autores do novo livro de intervenção da Coleção Tinta Vermelha da Boitempo, Brasil em jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?, com o qual contribui com uma reflexão sobre Estado de Exceção e a Lei Geral da Copa.

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Jorge Luiz Souto Maior é juiz do trabalho e professor livre-docente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Autor de Relação de emprego e direito do trabalho (2007) e O direito do trabalho como instrumento de justiça social (2000), pela LTr, além de colaborar com os livros de intervenção Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil (Boitempo, 2013) e Brasil em jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas? (Boitempo, 2014). Colabora com o Blog da Boitempo mensalmente às segundas.

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