Cultura inútil: Bate que ele gosta!
Por Mouzar Benedito.
O austríaco Leopold Von Sacher-Masoch, famoso escritor e advogado que viveu de 1836 a 1895, quando criança apanhava muito do pai e era obrigado por uma tia a lamber os pés dela, quando a espiava transando com alguém. Viciou nisso. Depois de adulto, Masoch pedia às mulheres que lhe batessem, chicoteassem, e lambia os sapatos delas. Só assim chegava ao orgasmo. Do nome dele, Masoch, veio a palavra masoquismo, usada para quem gosta de apanhar.
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Em 335 a.C., Alexandre, o Grande, atacou Tebas, que não se rendeu, dominou-a e mandou destruir a cidade inteira, menos uma casa: como apreciava muito a poesia, ele poupou a casa em que viveu o poeta Píndaro.
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A Bahia tem muitos dos melhores compositores do Brasil, mas quando se fala em músicas que a têm como tema e que encantam, muitos lembram-se de Tabuleiro da Baiana e Na Baixa do Sapateiro, que foram compostas pelo mineiro Ary Barroso. Falsa Baiana é do também mineiro Geraldo Pereira, um dos maiores compositores de samba de décadas atrás, no Rio de Janeiro. Por falar nisso, um dos grandes músicos da carioquíssima bossa-nova é o baiano João Gilberto. E quando se fala de grandes cantores mineiros, de quem a gente se lembra? Muitos, com certeza, se lembrarão de Milton Nascimento, nascido no Rio de Janeiro.
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A primeira enciclopédia de que se tem notícia foi publicada na França em 1772, pelo filósofo Denis Diderot.
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As Ilhas Salomão, localizadas no oceano Pacífico, na região da Oceania chamada Melanésia, têm pouco mais de 400 mil habitantes em sua área de 28 mil quilômetros quadrados, tamanho equivalente ao do estado de Alagoas, e sua língua oficial é o inglês, mas ali se falam mais de 80 dialetos nativos. O arquipélago é um país independente, ligado à Comunidade Britânica, mas seu “descobridor” foi um espanhol, Álvaro de Mendaña, que chegou lá no século XVI e pensou que tinha chegado no lugar de onde levaram as riquezas para ornamentar o templo construído pelo rei Salomão em Jerusalém.
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Allan Kardec, que criou a doutrina espírita em 1857, chamava-se Léon Hippolyte Denizard Rivail. Essa doutrina chegou ao Brasil, mais especificamente na Bahia, em 1865.
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O nome zeppelin, dado aos enormes balões dirigíveis transatlânticos em forma de charuto, se deve ao seu fabricante, o militar alemão Conde Ferdinand von Zeppelin, que viveu de 1838 a 1917,
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Dois dos maiores cientistas brasileiros de todos os tempos nasceram na mesma cidade, que era minúscula: Oswaldo Cruz e Aziz Ab’Saber eram de São Luiz do Paraitinga (SP).
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Em alguns lugares de Minas Gerais, quando alguém quer reclamar de uma situação muito desagradável por que passou ou está passando, diz: “Não há tatu que aguente”. O que muitos não sabem é a origem dessa expressão. Segundo caçadores, quando se persegue um tatu, ele entra num buraco e se consegue agarrá-lo pelo rabo, pode-se puxá-lo com toda força que ele não sai. Enfia as unhas das quatro patas nas laterais da toca e se agarra ali, e quase não se tem como tirá-lo. Quase! Mas há um segredo: enfiando-se um dedo no ânus dele, o tatu reage se encolhendo, tirando as garras da terra, e aí pode ser puxado facilmente. “Não há tatu que aguente”, garantem.
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A testoterona – hormônio masculino – foi isolada pelo químico alemão Adolf Butenandt, em 1934.
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Dois juristas formados pela conceituada Faculdade de Direito da USP, que ocuparam altos cargos nessa Universidade, se destacaram pela violência contra os Direitos Civis como ministros da Justiça da ditadura militar: o ex-reitor Gama e Silva autor do Ato Institucional número 5 (AI-5), queria uma medida mais violenta e inconstitucional do que esse Ato, mas o próprio presidente ditador Arthur da Costa e Silva achou demais e ele teve que abrandar um pouco. O ex-vice-reitor Alfredo Buzaid foi ministro durante o governo Garrastazu Médici, a fase mais violenta da ditadura. Buzaid publicou em 1970 o livro Em defesa da moral e dos bons costumes.
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O nome de Lhasa, capital tibetana, significa “casa de Deus”. Ela foi fundada no século V, como fortaleza budista, e era conhecida pelos ocidentais como “cidade proibida” por causa do difícil acesso a ela, no Himalaia.
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Em 1909 foi feito o primeiro salvamento marítimo a partir de uma chamada de SOS, pelo telégrafo sem fio. Em 1912 morreu muita gente no naufrágio do Titanic, mas 703 pessoas foram salvas, graças a mensagens de socorro enviadas pelo navio e captadas por outro navio, o Carpathia. Depois disso passou a ser obrigatória a instalação de equipamentos de rádio em navios.
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Você sabe quais são os sete pecados capitais? Veja se não cometeu ou comete algum deles: gula, avareza, soberba, luxúria, cobiça, ira e inveja.
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Em 1844 os Correios passaram a entregar correspondência em domicílio e isso foi um estímulo para o aumento da publicação de jornais. Em 1872 alguns quiosques do Rio e de São Paulo vendiam jornais, mas as primeiras bancas de verdade começaram a funcionar em 1892.
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Máxima do Barão de Itararé: “Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outras”.
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A sucessão de erupções do vulcão da ilha de Krakatoa, em 27 de agosto de 1883, destruiu 165 aldeias, danificou outras 132 e matou 36.417 pessoas. Cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas. Três quartos da ilha, nas Índias Orientais Holandesas, afundaram no mar.
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A palavra terapêutica vem do grego, therapéuo, e significa “eu cuido”.
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Iracema de Souza Ferreira (1922-2003), que adotou o nome artístico Nora Ney, cantava muito bem e foi uma das primeiras cantoras brasileiras a fazer turnê pela União Soviética e países do leste europeu. Com voz rouca, fez grande sucesso cantando sambas-canções, como Ninguém me ama, de Antônio Maria. Seu marido, Jorge Goulart (nome artístico de Jorge Neves Bastos) também era cantor que fazia sucesso na União Soviética (no Brasil também). Aqui, um dos seus sucessos foi Bigorrilho – “Lá em casa tinha um bigorrilho / Bigorrilho fazia mingau / Bigorrilho foi quem me ensinou / a tirar o cavaco do pau…”. O casal era “simpatizante” do PCB e chegou a fazer uma temporada de 8 meses na União Soviética, em 1958.
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A última refeição de Luís XVI antes de ser guilhotinado constituiu de três pratos de sopa, três pedaços de pão, sete pratos de carne, oito sobremesas, duas garrafas de vinho e quatro xícaras de café. Já que era para morrer mesmo, mandou ver!
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Na mitologia germânica, os grandes guerreiros, quando morrem vão para Válala. Mas não todos, só os mais valorosos. A tal Válala, numa tradução livre “sala dos guerreiros mortos” é uma sala imensa, luxuosa, com 540 portas, onde esses guerreiros mortos passam o dia se divertindo (cavalgando e simulando combates) e à tarde se sentam em torno de uma mesa de ouro pra beber e banquetear à vontade.
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Martinho Lutero pretendia apenas provocar um debate teológico de alguma importância, quando afixou numa espécie de quadro de avisos da igreja de Wittenberg suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517. Ele incluiu no final: “Pede-se a quem não puder comparecer para discutir oralmente, que o faça por carta”. Foi o início da Reforma, a criação do Protestantismo.
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Era de Henrique Santos Dummont, irmão do “pai da aviação” o primeiro automóvel a circular no Brasil, um Daimler a vapor, em São Paulo, no ano de 1893. Em 1897, José do Patrocínio foi o primeiro a ter um automóvel no Rio, um carro francês também movido a vapor. O primeiro acidente de carro foi no Rio, quando o poeta Olavo Bilac, aprendia a dirigir com José do Patrocínio, na estrada da Tijuca. O poeta barbeirou e entrou feio numa árvore. O carro arrebentou, mas os dois não tiveram ferimento.
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Deborah Kerr, Anna Magnani, Elizabeth Taylor e Lana Turner foram indicadas para o Oscar de melhor atriz em 1957, mas quem ganhou foi a quinta concorrente, Joanne Woodward, a menos famosa delas, que atuou no filme As três máscaras de Eva. Ela era uma atriz relativamente nova e costurou o vestido com que compareceu à festa, o que provocou comentários maldosos (ou ciumentos?) de Joan Crawford, que achava ser um atraso uma atriz fazer suas próprias roupas. Joan Crawford, por sinal, ganhou o Oscar de melhor atriz em 1945, quando a favorita disparada era Ingrid Bergman. Ela estava gripada e recebeu o Oscar na cama.
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Em 1903, pela primeira vez um automóvel fez a travessia oeste-leste dos Estados Unidos, de São Francisco a Nova York. Gastou 52 dias.
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Baden-Powell, lorde inglês, criador do escotismo, atuou como espião, fingindo ser colecionador de borboletas. Com uma rede, ele se aproximava de fortificações militares na Alemanha, França, Tunísia e Argélia. Ele fazia desenhos das borboletas pegas durante o dia, mas no meio desses desenhos fazia plantas escondidas de cada fortificação, indicando os tamanhos dos canhões e os locais onde eles ficavam. Na Guerra dos Bôeres, na África do Sul, ele era general, mas fez espionagens fingindo ser jornalista.
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A maior queda d’água do mundo é a de Salto Angel, na Venezuela, com 979 metros de altura.
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Em 1998, o Fundo das Nações Unidas para a População (Funuap) fez projeções sobre quais seriam os maiores aglomerados urbanos do mundo em 2015. Acertou só um pouco. Previa, por exemplo, que o aglomerado da cidade de São Paulo teria 16,1 milhões de habitantes em 2015 e bem antes já está beirando 20 milhões. Aí vão as previsões do Funuap para o ano que vem: Tóquio (26,5 milhões); Nova York (16,3); Cidade do México (15,5); Xangai (14,7); Mumbai (14,5); Los Angeles (12,2); Pequim (12); Calcutá (11,5) e Seul (11,5).
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Um ditado que não colou: “Se o malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem”.
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Assim falou Friedrich Nietzsche, autor de Assim falava Zaratustra: “Você diz que acredita na necessidade da religião. Seja sincero. Você acredita mesmo é na necessidade da polícia”.
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Leia também, Cultura inútil I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X e XI na coluna de Mouzar Benedito no Blog da Boitempo. Ou clique aqui, para ver todos de uma só vez!
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996) e Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.
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