Lançamento Boitempo: “O conceito de dialética em Lukács”, de István Mészáros

Publicado em 10/11/2013 // 1 comentário

A Boitempo acaba de lançar O conceito de dialética em Lukács, novo livro de István Mészáros. Com a intenção de facilitar o estudo da obra multiforme e altamente complexa de Lukács, Mészáros instaura uma matriz interpretativa para o trato do pensamento de seu mentor –Mészáros cultivou uma relação ímpar com Lukács do final da década de 1940 e até sua morte, em 1971 – e analisa criticamente seu legado. Para José Paulo Netto, trata-se de “um dos melhores e mais criativos estudos já publicados sobre a concepção de dialética que se articula e se desenvolve no conjunto da obra de György Lukács. Com ele, Mészáros instaurou uma matriz interpretativa para o trato do pensamento do filósofo húngaro.”

O filósofo húngaro estará no Brasil para lançar este livro com uma série de conferências “A dialética de Lukács e o enigma do Estado. Durante o mês de novembro, ele passará pelas cidades de São Paulo, Marília, Belo Horizonte e Goiânia.

Leia abaixo a orelha, assinada por Ester Vaisman

Profundo conhecedor da obra de György Lukács, István Mészáros sustenta, nesta obra, a tese da presença constante da categoria dialética na extensa obra lukacsiana. Para tanto, alerta ser fundamental expor, ainda que sucintamente, como a categoria emerge e como é tratada pelo autor no contexto de seus diversos textos.

De maneira competente e rigorosa, Mészáros analisa o caráter específico que a “dialética” assume no pensamento lukacsiano, procurando explicar a originalidade dessa concepção e as intricadas relações que essa categoria, tão especial para Lukács, nos complexos categoriais de seu sinuoso e diversificado itinerário intelectual e político. É importante sublinhar, contudo, que indicar uma preocupação constante por parte de Lukács em relação à dialética não significa, de acordo com Mészáros, que o autor “permaneceu sempre um idealista hegeliano”, pois a própria “continuidade em questão é dialética: a unidade entre continuidade e descontinuidade”.

A adesão ao marxismo certamente operou uma mudança qualitativa no eixo teórico sustentador da dialética e outras categorias lukacsianas, mas não houve uma mudança repentina ou “ruptura radical”. O próprio Lukács, diz Mészáros, combateu vigorosamente esse tipo de interpretação. Acrescenta, com ironia, que “conversão total é privilégio de uma segunda infância intelectual que deve proceder de uma amnésia completa”.

A rejeição à ideia de “ruptura radical” pode ser explicada, de acordo com Mészáros, pelo contexto de predomínio do marxismo vulgar, de ataques dogmáticos contra a dialética e mecanicismo, além do caráter problemático da racionalidade dialética – quando concebida em termos idealistas – e do particular contexto histórico-social da Hungria, cujo atraso em direção ao desenvolvimento capitalista “acabou por se tornar a base para o emergir de uma síntese profundamente original”. Tendo em vista o cenário carregado de vicissitudes trágicas que acompanharam a União Soviética e o Leste Europeu, Lukács desenvolveu uma posição singular, independentemente de suas contradições, e que está consubstanciada no dilema entre filosofia e prática.

Publicado originalmente em 1972, na Inglaterra, O conceito de dialética em Lukács traz vários e preciosos documentos, incluindo o apêndice “A verdade de uma lenda” e uma detalhada biografia de Lukács, escrita com desvelo por alguém que teve o privilégio de não apenas ser aluno como também conviver e manter uma rica correspondência com um dos mais importantes filósofos marxistas do século XX.

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Tem início hoje o Curso de introdução à obra de István Mészáros. Com as vagas rapidamente esgotadas, a Boitempo abre uma lista de espera a partir das 18h para a série de aulas na PUC-SP. Saiba mais abaixo.

István Mészáros no Brasil

O filósofo húngaro estará no Brasil para lançar seu novo livro O conceito de dialética em Lukács. Durante o mês de novembro, ele passará pelas cidades de São Paulo, Marília, Belo Horizonte e Goiânia com a conferência “A montanha que devemos escalar: reflexões sobre o estado”.

O evento também marca o lançamento do segundo volume de Para uma ontologia do ser social, de György Lukács e de György Lukács e a emancipação humana, organizado por Marcos Del Roio.

Programação completa: