A globalização da indústria editorial

13.09.25_Emir Sader_A globalização da indústria editorial2Por Emir Sader.

A globalização impõe a intensificação dos processos de monopolização em todas as esferas da economia mundial. A indústria editorial não poderia ficar imune a esse processo.

Pelo lado da produção e pelo lado das vendas, o fenômeno se alastra. Os best sellers são fabricados e impostos pelos mecanismos da globalização editorial. Eu pude viajar por distintos países e continentes nos últimos meses e me dei conta de que um mesmo livro – Inferno, de Dan Brown – aparecia sempre em destaque como mais vendido. Como se, de repente, por milagre, as pessoas tomassem gosto por um único livro, “descobrissem” seus méritos e corressem para comprá-lo.

É o resultado da máquina de fabricar best sellers produzida pela monopolização da indústria editorial em torno de algumas grandes editoras, elas mesmas articuladas com gigantescos consórcios econômicos e financeiros.

Na Feira de Frankfurt – a mais importante do mundo – em cinco dos seus sete dias fica fechada para o publico, enquanto os agentes produzem e concertam os maiores best sellers do futuro. De repente, surge o sucesso global do “Da Vinci”, dos não sei quantos tons de cinza, dos Dan Browns.

Essa monopolização se articula com a monopolização das livrarias, cada vez mais articuladas em redes. Estas têm o privilégio das grandes editoras, que costumam dar em consignação para as redes e não para as livrarias independentes.

Assim, as livrarias se parecem cada vez mais umas às outras, se somando aos outros exemplos de “não lugares”: os aeroportos, os shopping centers, os hotéis.

A monopolização atenta contra a diversidade, a independência, o pensamento crítico, contribuindo para achatar ainda mais as formas de consumo e os gostos individuais.

O que está em risco é a pluralidade, é a independência, é a diversidade, é a liberdade, é a democracia, sacrificadas no altar do mercado. A globalização, mercantilizando radicalmente a produção e a venda de livros, estreita a produção e o acesso aos livros, no polo oposto do conhecimento como patrimônio da humanidade.

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Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas.

1 comentário em A globalização da indústria editorial

  1. Esta é uma visão ESQUERDA, totalmente DOMINADA PELO PT, onde os roubos do mensalão, a ditadura de LULA sobre o PT, e a péssima Administração de DILMA…não existem…sem contar A DITADURA DE FIDEL CASTRO EM CUBA E O CRSCENTE DOMÍNIO DA TRUCULENCIA NA VENEZUELA DA ESQUERDA…QUE VIOLENTA TODOS OS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS….

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