Cultura Inútil IV
Por Mouzar Benedito.
Quando Pablo Picasso nasceu, a parteira pensou que tinha nascido morto e o jogou em cima de uma mesa. Depois viu que ele tentava respirar e chamou um médico. Nascido em Málaga, na Espanha, em 1881, Picasso mudou para Paris e viveu até 1973. Muita gente diz que ele vivia à larga, frequentava os melhores restaurantes franceses, mas acabava não gastando nada: dava um cheque para pagar, mas os donos desses estabelecimentos, em vez de descontá-lo, o enquadravam e exibiam. A assinatura dele num cheque valia muito mais do que qualquer conta em restaurante.
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O tênis de mesa foi criado em 1926, em Londres.
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A bombacha, calça típica dos gaúchos, parece coisa de turco, não é? E tem a ver: a Inglaterra fornecia roupas para os turcos, mas durante a Guerra da Crimeia (1854-55), as calças produzidas não podiam ser levadas para lá e estavam encalhadas. O que fazer? Eles nunca foram de perder dinheiro. Trouxeram para o Rio Grande do Sul, os gaúchos gostaram daquele estilo. Coisa semelhante aconteceu com o chapéu “típico” das bolivianas, que também foi levado pelos ingleses.
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Em 10 de fevereiro de 1858 foi inaugurada a estrada de ferro de Salvador a Alagoinhas.
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Acredita-se que no ano 5000 a.C. os sumerianos já consumiam ópio.
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Charles Cunninghan Boycott foi contratado para administrar as propriedades do Conde de Ersec, na Irlanda, em 1873, e levou a sério demais as suas funções, exigindo mais do que devia dos súditos… Passaram a dar-lhe um gelo, ninguém aceitava trabalhar para ele e nem mesmo queria conversa com o dito-cujo. Acabou tendo que pedir demissão, e seu nome virou adjetivo, boicote, que derivou também para o verbo boicotar. A coisa funciona, muitas vezes. Quando o movimento sindical começou a ganhar força na região do ABC paulista, pouco antes do final da ditadura, em algumas empresas, os operários passaram a fingir que os que furaram as greves não existiam. Nem conversavam com eles, tropeçavam neles de propósito, como se não o vissem, e muitos fura-greves foram parar na psiquiatria.
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Napoleão Bonaparte tinha medo de gatos.
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Se a gente acha que brasileiro é supersticioso, gringo é muito pior: nos Estados Unidos, muitos prédios não têm o 13oandar: do 12o pulam para o 14o, porque acham que o número 13 dá azar. O presidente Harry Truman mantinha uma ferradura em cima da porta do seu gabinete.
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A mamadeira foi inventada e patenteada em 1845 pelo gringo Elijah Pratt, mas só começou a ter boa aceitação no início do século XX.
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Em 1597, foram construídos em Sorocaba (SP) dois fornos para produzir ferro. Em 1798 foi construída no mesmo lugar a Fábrica de Ferro Ipanema, pelo Barão de Varnhagen. Detalhe: essa “modernidade”, a siderúrgica construída no início do século XIX, usava mão de obra escrava.
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O tango argentino costuma ter letras que falam de dramas e tragédias. Na sua origem, era música de negros e tinha letras alegres. Depois que “branqueou” é que perdeu essa qualidade.
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O primeiro túnel do mundo foi construído no Monte Sernis, Suíça, entre 1860 e 1871. Tem 12,8 km de comprimento.
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Mata Hari, a mais famosa espiã em Paris, durante a Primeira Guerra, trabalhava para os alemães, que quando se enjoaram dela resolveram entregá-la aos franceses: colocaram seu nome numa mensagem secreta sabendo que os franceses decifrariam. Condenada à morte, foi fuzilada em 1917. Ela se passava por um dançarina vinda da Europa Oriental, mas na verdade era holandesa e seu nome verdadeiro era Gertruida Zelle.
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A figura do Papai Noel (Santa Claus nos EUA) foi criada em Nova York, no final do século XIX, por um cartunista de origem alemã. Originalmente, sua roupa era azul. A coca-cola adquiriu o direito de usar o personagem na sua propaganda e trocou a cor da roupa para vermelho, que era a cor “oficial” da propaganda dessa beberagem.
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Na Guerra Civil Espanhola, o general Mola, franquista, anunciou em 1936 que atacaria Madri com quatro colunas… e mais uma que agia secretamente dentro dessa cidade. A partir daí, quinta-coluna virou sinônimo de traidor.
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A cuíca, instrumento musical que dá uma beleza a mais ao samba, tem esse nome porque seu som é parecido com o do animal chamado cuíca, que é da família do gambá. Uma das interpretações do nome cuíca é que ele significa rabo comprido, em tupi.
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O primeiro jornal chinês, “Jornal de Pequim”, surgiu em 1161, com 12 páginas. Na Europa, o primeiro jornal só apareceu em 1605, em Augsburg, e se chamava Cópias das Novas Notícias. O Correio Braziliense, fundado em 1808, é considerado o primeiro jornal brasileiro, mas ele era impresso na Inglaterra. O primeiro a ser impresso no Brasil foi o Diário do Rio de Janeiro, que começou a circular em 1821. Em São Paulo, o primeiro jornal foi o Farol Paulistano, que começou a circular em 1827.
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O garfo é invenção do século XVI ou XVII. O inventor, um inglês chamado Colgate, foi excomungado pelo Papa que dizia que a comida era sagrada e tinha que ser tocada com as mãos.
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Um ditado: “Ovo de cobra não gora”.
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O papagaio, também chamado pipa ou pandorga, existia desde não se sabe quando na China e no Japão, e foi trazido para o Brasil pelos portugueses.
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Os barbeiros antigos tinham funções que iam muito além de cortar cabelo e fazer barba: arrancavam dentes, aplicavam sanguessugas e ventosas e faziam sangrias. No início do século XX, médicos novos, com suas modernidades e especializações, ironizavam os mais antigos, políclinos, considerando-os ultrapassados e os chamavam de barbeiros. Daí, qualquer incompetente em coisa começou a ser chamado de barbeiro, e como era início da era dos automóveis, a expressão pegou para quem dirigia mal
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São Mateus, no estado do Espírito Santo, tem um monumento às prostitutas. Elas mereceram: foram grandes defensoras do patrimônio arquitetônico e histórico do município, numa época em que pretendiam derrubar as casas em que moravam e trabalhavam. São Mateus foi um importante porto fluvial, de exportação de café, farinha de mandioca, açúcar e madeira, mas com a construção de uma estrada ligando a cidade a Linhares, em 1937-38, o porto foi perdendo a importância e o casario estilo colonial português construído a partir do século XVIII foi abandonado pela “elite” e ocupado por bordéis e bares, virou área boêmia. Em 1968, o prefeito resolveu “limpar” a área, derrubar tudo e expulsar as prostitutas dali. Elas eram cerca de 80, resistiram bravamente e conseguiram preservar a área que hoje se chama Sítio Histórico do Porto de São Mateus.
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Discussão bizantina e discussão sobre o sexo dos anjos são a mesma coisa: Bizâncio, que depois mudou o nome para Constantinopla e mais tarde para Istambul, foi dominada pelos romanos e, no século XI, os turcos tomaram a cidade. Enquanto os turcos matavam cristãos, inclusive o último soberano do Império Romano do Oriente, Constantino XI., um Concílio da Igreja discutia ali se os anjos tinham ou não sexo. Então, atitude bizantina é ignorar completamente a realidade.
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Máxima de Carlito Maia: “Mineiro não fica louco. Piora”.
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Leia também, Cultura inútil I, II e III, na coluna de Mouzar Benedito no Blog da Boitempo. Ou clique aqui, para ver todos de uma só vez!
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Mouzar Benedito, jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher). Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Cásper Líbero, em São Paulo. É autor de muitos livros, dentre os quais, publicados pela Boitempo, Ousar Lutar (2000), em co-autoria com José Roberto Rezende, Pequena enciclopédia sanitária (1996) e Meneghetti – O gato dos telhados (2010, Coleção Pauliceia). Colabora com o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.
Muita coisa aí é mentira. Quando li que o ‘papa excomungou quem inventou o garfo’ já deu para perceber. Eu sei muito bem qual o tipo de assunto que incorre em excomunhão, e ritos e alimentos nem triscam nisso.
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suas colunas sobre cultura inútil são muito boas !
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Obrigado, Lucas. Vêm muitas outras colunas dessas por aí…
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