Lançamento Boitempo: “Poder e desaparecimento”, de Pilar Calveiro

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Em tempos de comissão da verdade, a Boitempo lança Poder e desaparecimento: os campos de concentração na Argentina, de Pilar Calveiro. Um lúcido e profundo ensaio sobre os campos de extermínio criados na ditadura militar argentina, o livro reflete sobre o conceito político por trás dessas práticas. Investigando o universo pouco palatável do autoritarismo arraigado nas instâncias mais estruturais da sociedade, a obra modificou a literatura sobre a repressão segundo a imprensa argentina. Para o poeta Juan Gelman, que assina o prefácio, o livro é uma absoluta façanha: “Calveiro sobreviveu à situação mais extrema do horror militar e teve a difícil capacidade de pensar a experiência.”

Esta edição brasileira vem acrescida de uma preciosa apresentação de Janaína de Almeida Teles, intitulada “Ditadura e repressão no Brasil e na Argentina: paralelos e distinções”, que põe em foco a relevância do texto diante da situação política atual do Brasil. Trata-se do 19º título da coleção “Estado de Sítio“, coordenada por Paulo Arantes.

Leia Agora eu (não) era herói, entrevista exclusiva com Pilar Calveiro publicada na Ilustríssima neste fim de semana. Confira o trecho inédito do livro selecionado pelo mesmo jornal aqui.

Leia a orelha do livro, escrita por Maria Helena Rolim Capelato

“Pilar Calveiro: 362”, ex-detenta dos campos de concentração criados pelo último regime civil-militar argentino (1976-1983), é a autora deste livro extraordinário, o qual não é apenas um testemunho de sua experiência traumática, mas uma reflexão teórica sobre o que ali vivenciou e observou.

Finda essa experiência, que define como “irrealidade real”, escreveu uma tese de doutorado, parte dela apresentada neste livro, em que analisa o significado político dos campos de concentração nos limites de uma história do poder.  

A publicação desta obra em português, no momento em que finalmente foi instalada a Comissão da Verdade no Brasil, é muito oportuna. Sua leitura contribui para a reflexão sobre a história não só da Argentina, mas dos outros países do Cone Sul, que não pode ser relegada ao esquecimento.

A violência desse passado recente exige denúncia e justiça, mas também uma profunda análise capaz de demonstrar a racionalidade de um poder que institucionalizou o terror. A autora se propôs essa tarefa, que foi realizada com grande talento intelectual e sensibilidade.

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