Atual conjuntura

13.07.11_Izaías Almada_Atual conjunturaPor Izaías Almada.

Diante do “clamor das ruas” e da atual situação política brasileira, gostaria de dedicar essa coluna, através da magistral interpretação de “Os Demônios da Garoa”, a todos aqueles para quem o trem da História está atrasado… ou já passou.


“Este é o samba do crioulo doido. 
A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento, e só fez samba sobre a história do Brasil: em tema da inconfidência, abolição, proclamação, Chica da Silva… E o coitado do crioulo tendo que aprender tudo isso para enredo da escola. Até que no ano passado escolheu um tema complicado: atual conjuntura. Aí o crioulo endoidou de vez, e saiu este samba:

Foi em Diamantina
onde nasceu JK
E a princesa Leopoldina
lá resolveu se casar
Mas Chica da Silva
tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
a se casar com Tiradentes

Laiá, laiá, laiá,
o bode que deu vou te contar
Laiá, laiá, laiá, 
o bode que deu vou te contar

Joaquim José,
que também é ‘da Silva Xavier’

Queria ser dono do mundo
e se elegeu Pedro Segundo

Das estradas de Minas, seguiu pra São Paulo
e parou na Anchieta
Um vigário dos índios, aliou-se a Dom Pedro
e acabou com a falceta
Da união realizou, ficou resolvida a questão
e foi proclamada a escravidão…

Assim se conta essa história
que é dos dois a maior glória
A Leopoldina virou trêm
e Dom Pedro é uma estação também
Ôo, oô, oô, o trem tá atrasado ou já passou…”

***

Sobre as manifestações de junho, leia no Blog da Boitempo:

Problemas no Paraíso, por Slavoj Žižek

A potência das manifestações de rua, por Ricardo Musse

A primavera brasileira: que flores florescerão? por Carlos Eduardo Martins

As manifestações, o discurso da paz e a doutrina de segurança nacional, por Edson Teles

O inferno urbano e a política do favor, tutela e cooptação, por Marilena Chaui

A criação do mundo revisitada, de Izaías Almada

Tarifa zero e mobilização popularO futuro que passou, de Paulo Arantes

Pode ser a gota d’água: enfrentar a direita e avançar a luta socialista, de Mauro Iasi

A classe média vai ao protesto A classe média vai ao protesto (II), por Pedro Rocha de Oliveira

A direita nos protestos, por Urariano Mota

A revolta do precariado, por Giovanni Alves

O sapo Gonzalo em: todos para as ruas, de Luiz Bernardo Pericás

A guerra dos panos e Técnicas para a fabricação de um novo engodo, quando o antigo pifa, por Silvia Viana

Fim da letargia, por Ricardo Antunes

Entre a fadiga e a revolta: uma nova conjuntura e Levantem as bandeiras, de Ruy Braga

Proposta concreta, por Vladimir Safatle

Anatomia do Movimento Passe Livre e A Guerra Civil na França escritos por Lincoln Secco

Esquerda e direita no espectro do pacto de silêncioMotivos econômicos para o transporte público gratuito, por João Alexandre Peschanski

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Izaías Almada, mineiro de Belo Horizonte, escritor, dramaturgo e roteirista, é autor de Teatro de Arena (Coleção Pauliceia da Boitempo) e dos romances A metade arrancada de mim, O medo por trás das janelas e Florão da América. Publicou ainda dois livros de contos, Memórias emotivas e O vidente da Rua 46. Como ator, trabalhou no Teatro de Arena entre 1965 e 1968. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quintas-feiras.

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