O ódio contra Manning, Assange e o WikiLeaks

13.02.06_Emir Sader_O ódio contra Manning Assange e WikiLeaksPor Emir Sader.

Entre os tantos aspectos que Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet, livro do Assange que a Boitempo acaba de lançar, um vale a pena ser destacado: o tema do segredo diplomático na políticas das grandes potências.

Atribui-se ao soldado Manning a responsabilidade de ter divulgado as senhas que permitiram a divulgação espetacular de documentos secretos de tantos Estados, que revelam a cara real da política desses países. O próprio fato dele ser tratado como “criminoso de guerra”, por ter supostamente entregue segredos de Estado aos inimigos, dá ideia de como os EUA consideram o caso de WikiLeaks e como o segredo é essencial à sua política.

As revelações propiciadas pelo WikiLeaks desmascaram uma série enorme de políticas e afirmações de governantes e de Estados, que mal camuflam o sentido real de suas políticas. Os governantes e seus ideólogos dizem que não seria possível qualquer política de Estado sem segredo, com transparência, com revelação das intenções reais por trás de cada ato de governo.

Na realidade, o espaço entre intenção e gesto é um abismo que, se revelado, como no caso dos papéis de WikiLeaks, decifra o significado das políticas e a natureza dos governos que os colocam em prática. A forma como tratam  Manning, Assange e o WikiLeaks confirma a gravidade da revelação de documentos até ali considerados secretos.

Os segredos diplomáticos são similares aos segredos bancários e o segredo em torno dos movimentos de capitais nos chamados “paraísos fiscais”. São as caixas pretas do imperialismo e do capitalismo.

O WikiLeaks divulgou, entre outros, 75 mil diários militares sobre a guerra no Afeganistão, com a comprovação de centenas de assassinatos indiscriminados de civis pelos EUA. Logo em seguida foram publicados 400 mil relatos secretos sobre a ocupação do Iraque, com provas das torturas constantes sobre os prisioneiros.

Vieram depois mais de 250 mil comunicados diplomáticos – advindos de 274 embaixadas – que permitem a visão do modo de funcionamento efetivo das relações internacionais e de como os líderes das grandes potências se comportam nos bastidores.

Um relato descreve a execução sumária de dezesseis civis, incluindo quatro mulheres e cinco crianças, e as tentativas de bloquear os processos contra os militares norte-americanos responsáveis pelos massacres.

Foram também publicados 700 arquivos sobre prisioneiros de Guantánamo, revelando inclusive detalhes dos interrogatórios.

Daí o ódio contra Manning, Assange e o WikiLeaks.

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Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet, o primeiro livro de Julian Assange, criador e editor-chefe do WikiLeaks, conta com introdução de Natália Viana, orelha de Pablo Ortellado e prefácio de Assange escrito exclusivamente para a edição brasileira. A versão eletrônica (ebook) é vendida pela metade do preço da versão impressa. Baixe uma amostra gratuita e confira links para a compra clicando aqui.

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Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas.

1 comentário em O ódio contra Manning, Assange e o WikiLeaks

  1. Suely Farah // 07/02/2013 às 1:15 pm // Responder

    O velho ódio à verdade dos poderosos deste mundo agora se volta àquele que, na era digital, da velocidade, do acesso e da interatividade em rede mundial, diz e demonstra mais uma vez e por sua vez que o rei ególatra e vaidoso está nu.

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