Lançamento Boitempo: Para uma ontologia do ser social (volume 1), de György Lukács

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O primeiro volume de um dos centrais projetos editoriais da Boitempo, acalentado por mais de uma década, finalmente chega às livrarias brasileiras esta semana: Para uma ontologia do ser social, de György Lukács, é a mais complexa sistematização filosófica do teórico húngaro.

A edição da Boitempo conta com primorosa apresentação de José Paulo Netto e tradução direta do alemão por Mario Duayer e Nélio Schneider, acrescida da tradução de Carlos Nelson Coutinho, introdutor de Lukács no Brasil e profundo conhecedor de sua obra, baseada na edição italiana. O texto contou também com uma minuciosa revisão técnica de Ronaldo Vielmi Fortes, auxiliado por Ester Vaisman e Elcemir Paço Cunha.

O livro já está à venda nas livrarias Saraiva, Cultura e Travessa, dentre outras.

A versão eletrônica (ebook) começará a ser vendida na sexta-feira 14 de dezembro, assim como as outras obras de Lukács publicadas pela Boitempo.

Leia texto de orelha escrito por Maria Orlanda Pinassi:

György Lukács é o maior clássico do pensamento humanista do século XX. Herdeiro da rigorosa concepção de totalidade que toma de Hegel e de Marx, aceita o desafio que Engels e Lenin lançam aos marxistas e formula a mais complexa sistematização filosófica de seu tempo. Realiza uma proeza, de fato, consagrando-se um caso muito raro na cena dominada pela epistemologia neopositivista, de onde a decadência ideológica, trágica tendência do pensamento contemporâneo que ele próprio definiu e criticou duramente, atingia tanto apologetas liberais quanto stalinistas.

Seu humanismo revolucionário não desponta, porém, nem dos fatos políticos que resultam em sua conversão para o comunismo (1917-1918) nem das reflexões filosóficas que sintetiza em História e consciência de classe (1923). Esse importante livro da obra lukacsiana influenciou e criou muitos discípulos entre marxistas do Ocidente, ainda que o idealismo lógico-ontológico de Hegel siga predominando. Não é por acaso, portanto, a mitificação que faz da consciência da classe operária, a concepção negativa do cotidiano ou ainda a definição do trabalho visto somente na forma fenomênica de mercadoria (trabalho assalariado), cuja práxis só se pode fundamentar mediante alienação e reificação.

A tomada de posição ontológica marxiana vai acontecer nos anos 1930, quando Lukács segue para Moscou. No Instituto Marx-Engels-Lenin faz um mergulho definitivo nos Manuscritos de 1844. Do jovem Marx apreende “o caráter totalizador unitário da dialética materialista” e as ricas possibilidades abertas pela definição de essência genérica do ser que não se pode restringir à forma fenomênica de classe. Essa é a essência histórica da sociabilidade burguesa, cujo
trabalho alienado vai subtrair do ser justamente sua vida genérica, reduzindo-o a mero jogo de egoísmos.

Mas, se a guinada ontológica de Lukács acontece ainda na juventude, marcando os seus escritos dos quarenta anos seguintes, é na maturidade que lhe ocorre a necessidade de desenvolver uma sistematização categorial das reflexões sobre arte e literatura. Nos anos de 1950 ele encontra a oportunidade de realizá-la. Retira-se da vida política para dedicar-se à elaboração dos volumes que compõem a Estética.

Sua finalização aponta para o projeto de uma Ética; antes, porém, era preciso definir o sujeito capaz de assumir um comportamento verdadeiramente ético, motivação que impeliu Lukács a trabalhar tão arduamente, ao longo da década de 1960, nos manuscritos de Para uma ontologia do ser social. Esta obra vai significar o salto da ontologia intuída à ontologia filosoficamente fundamentada nas categorias mais essenciais que regem a vida do ser social, bem como nas estruturas da vida cotidiana dos homens. Era a peça que, depois da importante edição dos Prolegômenos para uma ontologia do ser social (Boitempo, 2010), nos faltava da incompleta porém seminal sistematização filosófica lukacsiana.

6 comentários em Lançamento Boitempo: Para uma ontologia do ser social (volume 1), de György Lukács

  1. Andrey Oliveira // 13/12/2012 às 2:13 pm // Responder

    Inicialmente, parabenizo a Boitempo pela publicação de mais um livro de Lukács. Parabenizo também pela disponibilização de boa parte do acervo da editora em formato digital. Gostaria, todavia, de sugerir que também disponibilizassem para a venda em formato Epub os livros digitais que saíram em PDF. O Epub é infinitamente mais adequado à leitura em e-readers. Tenho interesse, por exemplo, em adquirir o livro CÃES DE GUARDA em formato digital, porém em Epub e não em PDF, como a Boitempo tem disponibilizado. Fica a sugestão.

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    • boitempoeditorial // 13/12/2012 às 3:24 pm // Responder

      Andrey, agradecemos o retorno! Estamos levando em consideração essa conversão integral de nosso catálogo e pretendemos implementá-la o quanto antes. Quando tivermos um prazo estipulado para a publicação de Cães de Guarda em ePub, entraremos em contato!

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  2. Livro chato da porra.

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  3. Qual a previsao de lançamento do Vol. 2?

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  4. CINTIA DE SOUZA ADELINO // 22/12/2017 às 12:14 am // Responder

    Preciso muito de um exemplar desse livro, gostaria de saber quando ele vai estar disponível.

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