O sapo Gonzalo visita a Austrália

Por Luiz Bernardo Pericás.

Ao passar diante da vitrine de uma agência de viagens, na Avenida São Luiz, viu um pôster da ensolarada Austrália e decidiu que era para lá mesmo que iria. A ópera de Sydney e a Costa Dourada eram motivos suficientes para tirá-lo da letargia dos últimos tempos e estimulá-lo a partir rumo ao outro lado do planeta. 

Alguém havia comentado com ele, no passado remoto, que os australianos eram um dos povos mais preconceituosos desta galáxia, mas ele não acreditara. Só conseguia imaginar praias de areia branca e loiras surfando no mar azul… Como estava enganado!

I’ve been everywhere, man, I’ve been everywhere, man… A canção de Johnny Cash não saía da cabeça. Já estivera em todos os cantos da Terra. Ou quase. 

A Austrália certamente era novidade, tão distante e fora das rotas tradicionais que nunca sequer cogitara visitar aquele lugar perdido no mapa. Mas agora, ao ver aquele cartaz sedutor, havia tomado sua decisão: era para lá mesmo que iria. 

O primeiro passo seria pegar o visto de turista. “Coisa fácil”, pensou. Não era bem assim; quase desistiu de seus planos. O excesso de entraves e dificuldades burocráticas era tão grande que teve a sensação de que não queriam que ele fosse para lá. Sentiu-se como um criminoso. 

“Quem sabe é racismo”, conjecturou. “Afinal, sou verde… e ainda pior: argentino”.

Foi à luta. Mas as autoridades diplomáticas logo o colocaram na parede: exigiram certificados de bons antecedentes criminais de todos os países onde havia vivido; uma carta oficial assinada por seu chefe (se é que tinha um), garantindo que estava empregado; comprovantes de imposto de renda; boletos de todas as compras que havia feito no cartão de crédito nos últimos cinco anos. Por sinal, o único cartão que aceitavam era o “silver, golden, platinum, diamantium, PLUS”!!! Ter menos que isso seria evidência de que o pleiteante ao visto era claramente um indigente, não merecedor de receber tamanha regalia! De qualquer forma, só faltou que o obrigassem a tirar fotos de frente e de lado (com uma parede com riscos indicando a estatura às costas) e a deixar estampadas em papel cada uma de suas digitais…

Aquilo tudo já estava passando dos limites. E, de fato, dificultaria sua viagem. Gonzalo militara na clandestinidade, tivera ficha na polícia durante os anos da ditadura argentina, fugira do país, fora exilado político, vivera uma vida irregular por décadas. Até conseguir toda a documentação para provar que era digno de pisar naquela terra de cangurus e ornitorrincos, já seria um velho decrépito, curvado, apoiado numa bengala, ou então, quem sabe até, prostrado numa cama, em algum asilo de idosos. E ele não iria esperar esse tempo todo. 

Pois, contrariando o bom senso, o anuro hermano resolveu arriscar a pele e ir para lá sem visto ou passaporte. Afinal de contas, não iria de avião nem teria de passar pela alfândega e a imigração. Iria para lá pulando!

Era um batráquio um tanto quanto enferrujado, é verdade, mas acreditava que ainda conseguia dar bons impulsos quando colocava todos os esforços neste tipo de empreitada. Seus pulmões já não eram mais os mesmos, nem as juntas e dobras de suas pernas. Não importava. Ele iria do mesmo jeito. 

Após tomar um pote inteiro de suplementos alimentares, dezenas e dezenas de pastilhas de vitaminas e proteínas, estava pronto para a longa jornada. Com um salto monumental, atravessando o espaço aéreo de parte do Cone Sul, passando por cima da Cordilheira dos Andes, sentindo o vento no rosto, chegou em Santiago do Chile, sua primeira escala. Foi só o tempo de tomar um copo d’água, e então ganhou impulso de novo, pulando novamente, desta vez para cruzar o Pacífico e chegar ileso até Auckland, na Nova Zelândia. E finalmente, assim que recobrou um pouco de fôlego, lançou-se no ar novamente e aterrisou em Sydney, na Austrália. Havia conseguido! O pouso, como se pode imaginar, não foi dos mais suaves: se esfolou inteiro… Ai… Tudo bem… Não seriam uns arranhões que estragariam suas férias. 

Tirou a poeira dos ombros e braços, olhou para os lados. Até sentir uma mão peluda, de dedos calosos, apertando seu bíceps flácido. Era um agente da imigração. Havia pousado justamente no aeroporto Kingsford Smith! Essa não! O guarda arrastou Gonzalo (que, por certo, ofereceu alguma resistência), até uma sala privada, onde se encontravam outros colegas do mequetrefe armado, e começou a interrogá-lo. Mandou que retirasse tudo dos bolsos. Gonzalo só tinha “um” amendoim, solitário, perdido no fundo da algibeira, o qual prontamente entregou aos homens da lei. Isso foi o suficiente para que o algemassem e lessem seus direitos. O batráquio não entendia por que tanta agressividade, mas percebeu que trazer qualquer alimento (mesmo um simples mandubi), era motivo para as maiores truculências. Quando os agentes se deram conta que o sapo entrara ilegalmente no país, sem passagem, passaporte ou visto, fizeram imediatamente alguns telefonemas e checaram a internet. De cara, desconfiaram de seu estado de saúde, para eles, “duvidoso” (temeram que o sapo pudesse ter algo contagioso pelas olheiras, postura e cor da pele). E logo se deram conta de sua longa ficha como ativista político de esquerda. Automaticamente consideraram Gonzalo como um tipo suspeito, que vinha em busca de asilo no país, com intenção de viver ilegalmente dentro do território australiano, para possivelmente se envolver em alguma causa social e criar confusão junto a outros extremistas e radicais locais. Nem quiseram ouvir o que ele tinha a dizer em sua defesa. Apenas o agarraram com violência pelo colarinho (usando luvas, é claro), o empurraram para dentro de um carro com vidros escuros e o levaram na mesma hora para o Centro de Detenção de Villawood, na mesma cidade. Só quando passou pelos portões é que se deu conta de que ali era, na verdade, um campo de concentração!

Nunca soubera que havia várias destas instalações em todo o país. Desde 1992, o governo australiano tem implementado uma política contínua de detenção de imigrantes em campos como aquele, algo muito popular para grande parte do eleitorado australiano. São vietnamitas, chineses, cambojanos, tâmeis, iranianos, iraquianos, afegãos, a grande maioria dos quais, “boat people”, fugitivos políticos, que atravessam o mar em barcos lotados, para logo serem detidos pela marinha australiana e mandados para apodrecer naqueles locais. Alguns são deportados, enquanto outros podem passar anos e anos a fio presos. Decisões extremamente duras da Corte Suprema chegaram, inclusive, a impedir que vários imigrantes ilegais detidos pudessem sair da Austrália e buscar refúgio em outras nações, fazendo com que ficassem engaiolados nos centros indefinidamente. 

O primeiro “centro de detenção” começou a ser construído em Port Headland, em outubro de 1991. Atualmente (dados de fevereiro de 2011) há em torno de 5.061 homens, 571 mulheres e 1.027 menores de idade (destes, quase 400 estão sozinhos, sem os pais), todos estrangeiros ilegais, presos nos oito campos de concentração localizados em Sydney (Villawood IDC), Melbourne (Maribyrnong IDC), Perth (Perth IDC), Darwin (Northern IDC), Curtin (Curtin IDC, Western Australia), Scherger (Scherger IDC, Queensland) e dois em Christmas Island (Christmas Island IDC e Phophate Hill IDC). Há quem diga que já há planos para se construir dois novos “centros de detenção”, um em Northam (Western Australia), a 80 quilômetros de Perth, e outro em Inverbrackie, a 37 quilômetros de Adelaide. Os defensores dessas medidas lembram que há supostas “alternativas” para alguns imigrantes ilegais como, por exemplo, casas próximas aos campos, feitas para acomodar famílias; as Immigration Transit Accommodations (também ao lado dos campos); penitenciárias; hospitais; instituições psiquiátricas; orfanatos; e o que chamam de “detenção comunitária”, quando permitem que o estrangeiro ilegal viva numa residência particular, dentro de uma comunidade, tendo que se reportar às autoridades com frequência. 

O fato é que a Austrália exerce uma das políticas de imigração mais duras do mundo e não respeita várias obrigações mínimas relativas aos direitos humanos. Em outras palavras, prisões arbitrárias, mandatórias, sem prazo para soltura, que podem se estender por meses ou anos, sem dar instrumentos legais para que os detidos possam ir aos tribunais defender seu caso e que incluem o aprisionamento de famílias inteiras, exilados políticos, indivíduos que não oferecem risco à comunidade e até mesmo (ainda que agora já não mais em locais de segurança máxima), crianças. Muitas vezes, inclusive, essas mesmas crianças e adolescentes chegam a tal ponto de desespero que organizam protestos e rebeliões nos campos, para mostrar ao grande público o desrespeito das autoridades; os abusos físicos e psicológicos (inclusive sexuais) que sofrem constantemente; o consumo forçado de remédios “tranquilizantes”, para controlá-los melhor; e sua busca por liberdade e justiça. Muitos detentos estão tão traumatizados que tentam o suícidio, fazem greves de fome ou realizam atos de desobedência civil. 

Gonzalo sabia que a Austrália havia sido “colonizada” por bandidos e prostitutas, e entendia de onde vinha o caráter daquele povo. Só achava que uma população que tinha como ancestrais ladrões, assassinos e criminosos de todo tipo, não tinha estatura moral para se achar superior a aqueles imigrantes do Terceiro Mundo, trabalhadores e exilados políticos, em busca de proteção e de uma vida melhor naquele gigantesco território desértico, praticamente vazio. Quem sabe pensassem que o fato de serem brancos era o suficiente para que se sentissem acima daquelas pessoas de pele escura… 

E lá ia o agente da imigração, tatatataraneto de um ladrão de cavalos e de uma rameira, com o peito estufado (acreditando ser, no íntimo, o protetor do imperialismo ocidental e da whiteness na Australásia), prendendo Gonzalo, o íntegro, combativo e esverdeado sapo argentino. 

“Só pode ser racismo”, pensou, já tremendo por falta de um cigarro. 

Os australianos, lap dogs dos ingleses, por sua vez, lap dogs dos norte-americanos. Mandaram tropas para Galipoli, para Fromeles, para o Vietnã, para o Iraque, para o Afeganistão… Se a Inglaterra e os Estados Unidos ordenarem, estão prontos a enviar seus soldados para ocupar as terras mais distantes, daqueles que consideram “bárbaros”, “terroristas”, “rebeldes”… ou seja, para os países pobres, que se recusam a receber os ditames das grandes potências. 

“Bandidos!”, murmurou o hermano consigo mesmo. 

Gonzalo sabia que não dava para se esperar muito de um país que tinha como principais símbolos o Crocodilo Dundee e Priscila, a rainha do deserto. Enquanto os Estados Unidos e os países da América Latina, por exemplo, lutaram em guerras de independência, os australianos nunca combateram a Inglaterra. Pelo contrário: quiseram se unificar, se federalizar, se tornar uma “comunidade” e um “domínio”. De qualquer forma, é difícil respeitar um país que tem inserida em sua própria bandeira, a reprodução da bandeira da nação que o colonizou, e o rosto da rainha Elizabeth em sua moeda!

O anfíbio de pernas longas testemunhava naquele centro de detenção o que ocorria na Austrália há pelo menos dois séculos. Primeiro foram os aborígenes, os habitantes originais daquelas terras. Após uma política de massacres contínuos, a população negra local, que em 1788 era de pelo menos 350.000 habitantes (outras fontes indicam que a população local podia chegar a mais de 500.000 aborígenes), em 1901 havia sido reduzida para apenas 67.000 pessoas. Atualmente, são entre 450.000 e 500.000 indivíduos dos povos originários no país, numa população total aproximada de quase 22 milhões de habitantes. Mesmo vivendo naquele território por vários séculos, só foram reconhecidos oficialmente, pelos brancos, como “cidadãos” australianos (após muitas lutas e pressão política) em 1967, quando pela primeira vez ganharam o direito de votar. Até hoje, os aborígenes são o grupo étnico mais pobre, proporcionalmente com o maior número de presidiários, com índices de detenção muito acima dos outros australianos, com os salários mais baixos, com menor expectativa de vida, menor escolaridade e menor acesso à serviços de saúde de qualidade. Só uma pequena porcentagem dos nativos consegue completar o curso superior. As comunidades aborígenes sofrem com o alcoolismo, abuso de drogas (muitos cheiram gasolina, uma “droga” barata) e altos índices de desemprego. 

O estudioso Stephen Jolly nos conta que no final da década de 1840 e toda a década de 1850, em torno de 55.000 chineses foram para a Austrália em busca de ouro, e outros 3.000 como coolies. Trabalhadores canacas também foram “importados”, por falta de mão de obra endógena. Ataques violentos da população de língua inglesa contra os imigrantes asiáticos e das Ilhas do Pacífico Sul, por sua vez, eram frequentes. As autoridades tinham medo de “contaminação racial”, “misturas”, “asianização” da Austrália. Era o temor do “Perigo Amarelo”, algo que continuou como tendência por décadas. Com o tempo, foram gradualmente deportando esses imigrantes. Em 1908, quase todos os canacas já haviam sido expulsos e nos anos vinte, a população de origem chinesa na Austrália era de apenas 15.000 indivíduos. E a política discriminatória e de exclusão racial da White Australia, que havia sido defendida tanto pelos políticos como até mesmo pela maioria dos sindicatos, trabalhadores e população em geral antes mesmo de 1901, ano da unificação, se robusteceu ainda mais. Quem quiser saber mais sobre os abusos dos brancos contra chineses, polinésios e aborígenes, é só procurar os livros de Manning Clark (que foi acusado, em certo momento, de ser “the godfather of the black armband view of history”), Humphrey McQueen, Gary Foley, Kevin Gilbert, e muitos outros. 

Durante algum tempo, socialistas e comunistas defenderam as minorias étnicas e sua plena integração na sociedade local, mas eram muito poucos para serem ouvidos. Nem a IWW nem o Partido Comunista Australiano, por exemplo, tinham força política para influenciar a massa do eleitorado, e nem mesmo o movimento operário como um todo. 

Até a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos imigrantes era da Grã-Bretanha e Irlanda. Depois de 1945, com a crescente demanda por mão-de-obra e a necessidade de povoar o território nacional (que tinha, então, apenas 7,5 milhões de habitantes), o governo trabalhista aceitou receber, mesmo que a contragosto, imigrantes do Sul e Leste da Europa, como italianos, albaneses, gregos, iugoslavos, poloneses, tchecos e húngaros, por exemplo. 

Só na década de 1970, contudo, a “Política da Austrália Branca” acabou “oficialmente”, durante o governo Whitlam. Por outro lado, apesar da “Lei contra a discriminação racial” de 1975, o número de imigrantes que recebiam permissão para entrar na Austrália diminuiu consideravelmente. 

Os primeiros “boat people” a ir para lá, nos anos 1970, foram os vietnamitas, fugindo do governo comunista, e os timorenses, escapando da invasão indonésia. Nos anos 1980, vieram os refugiados cambojanos e no final do decênio, por outras vias, estudantes chineses, depois do Massacre da Praça da Paz Celestial. 

Na década de 1990, a maioria dos “boat people” eram chineses. Para se ter uma ideia, entre 1989 e 1997, de 2.988 “boat people” que conseguiram chegar até a Austrália, 2.289 foram deportados. O número dos que ficaram é tão insignificante que não deveria preocupar o governo local. Mas a política restritiva continuou…

Na primeira década do século XXI, os “boat people” vêm, em sua maioria, do Iraque, Irã, Sri Lanka e Afeganistão. São desprezados por boa parte da população, que se preocupa com a “invasão” muçulmana no país. Na verdade, a quantidade de imigrantes ilegais destes países é ínfima para os padrões internacionais e não ameaça a suposta “integridade” do povo australiano, em sua grande maioria, cristão e branco. A Austrália, neste período, só aceitaria receber 12.000 refugiados por ano por motivos humanitários. Por outro lado, a maioria dos ilegais no país, aqueles que ficam por lá após seus vistos terem expirado, são do Reino Unido e Estados Unidos; mas estes estão livres e nunca foram mandados para os campos de detenção. 

Gonzalo via todo o sofrimento naquela prisão. E tinha de dar um jeito de escapar. Sabia que ia ser difícil, mas tentaria de qualquer jeito. Não estava aproveitando suas férias. Muito pelo contrário. Já havia visto o suficiente. E agora queria fugir. 

Entrava no centro de detenção e presenciava a apreensão e desespero no rosto dos prisioneiros. Imaginava que ficaria ali por algum tempo. Os pulos que dera desde a República do Repolho até a Austrália o haviam deixado exausto. Suas pernas doíam, a artrite voltava implacável e os pulmões não aguentariam outra empreitada radical daquelas. Mas, mesmo não sabendo como, tinha de escapar!

Estava desanimado e já resignado a passar uma temporada por lá, quando ouviu um estrondo, correria, confusão. Imaginou que fosse mais uma das recorrentes rebeliões de detentos, tão comuns nesses campos. Os guardas que seguravam Gonzalo o soltaram por um átimo, correndo em direção ao portão, aberto, escancarado, pelo qual os ilegais tentavam atravessar para o lado de fora, em disparada. 

Até que sentiu uma mão encostar em seu ombro. Virou o rosto para ver de quem se tratava. Era seu amigo Corto Maltese! O aventureiro, que sempre navegava pelo Pacífico Sul, recebera o aviso de um colega, que lhe alertara que Gonzalo havia decidido ir justo para a Austrália. Conhecendo o camarada argentino, sabia que iria se meter em encrenca. 

“Vim libertá-lo, Gonzalucho!” 

Gonzalo não acreditava no que via diante de si. O bom e velho Corto Maltese, com seu quepe na cabeça e cigarrilha entre os lábios, brinco de argola numa orelha e o típico uniforme azul, esguio, rijo, nascido em Valetta, Malta, filho de uma cigana da Andaluzia e de um marujo inglês, que passou a infância em Córdoba e que durante anos cruzou todos os cantos do planeta. O mesmo Corto Maltese da Balada do mar salgado e tantas outras aventuras! Abriu um sorriu e abraçou o amigo marinheiro com força. 

“Vamos embora, che! Não quero ficar nem mais um minuto neste lugar!”

Dito e feito. A dinamite que Corto colocara no portão fizera efeito, a entrada estava aberta, as sirenes haviam sido acionadas, homens gritavam em magafones, guardas atiravam para cima e a multidão corria em desabalada carreira. No meio de tudo aquilo, Maltese e Gonzalo deram no pé. Em pouco tempo, já estavam dentro do veleiro daquele que, na verdade, era o filho legítimo de Hugo Pratt, distanciado-se do litoral, as velas estufadas pelo vento quente da região. Só então os dois se acalmaram. Abriram uma garrafa de vinho e brindaram. Há muito tempo o batráquio não se sentia tão contente. Amava a liberdade. A Austrália, lentamente, ia ficando para trás. Para lá, o sapo não queria voltar tão cedo.  

***

Luiz Bernardo Pericás é formado em História pela George Washington University, doutor em História Econômica pela USP e pós-doutor em Ciência Política pela FLACSO (México). Foi Visiting Scholar na Universidade do Texas. É autor, pela Boitempo, de Os Cangaceiros – Ensaio de interpretação histórica (2010). Também publicou Che Guevara: a luta revolucionária na Bolívia (Xamã, 1997), Um andarilho das Américas (Elevação, 2000), Che Guevara and the Economic Debate in Cuba (Atropos, 2009) e Mystery Train (Brasiliense, 2007). Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às sextas-feiras.

2 comentários em O sapo Gonzalo visita a Austrália

  1. Zilda Naclério Homem // 29/08/2011 às 12:38 pm // Responder

    A cada dia gosto mais desse sapo e suas aventuras que misturam realidade e ficção sem nunca perder o bom humor. Grande Gonzalo!!

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  2. australia pais de racistas com leis burucraticas para todos os paises ( excluindo inglaterra)??? mesmo ate para os turistas, pode-se confirmar por decomentarios ou testemunhas, eu tambem fui uma vitima da burucracia de imigraçao ostraliana

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