Para ler o pós-11 de setembro
Em meio ao anúncio da morte de Osama Bin Laden e ao marco de uma década desde os atentados ao World Trade Center, a Boitempo Editorial reimprime duas das principais leituras críticas sobre o mundo globalizado pós-11 de setembro. Bem-vindo ao deserto do Real! (2003), do filósofo esloveno Slavoj Žižek, e Estado de exceção (2004) do filósofo italiano Giorgio Agamben, são dois polêmicos títulos da Coleção Estado de Sítio, coordenada por Paulo Arantes, que trata de temas centrais do nosso tempo: o crescente autoritarismo do Estado, o terrorismo, o fundamentalismo, o império, as relações da televisão e do cinema com o poder, a guerra e os conflitos globais.
Em Bem-vindo ao deserto do Real!,Žižek usa a provocativa frase “Com essa esquerda, quem precisa de direita?” para comentar a atuação da esquerda no período posterior aos atentados de 2001. Atuação essa que permitiu que a ideologia hegemônica se apropriasse da tragédia e impusesse sua mensagem de que é preciso escolher um lado na “guerra contra o terrorismo”. Para o autor, a tentação de escolher um dos lados deve ser evitada. Segundo Žižek, quando as escolhas parecem muito claras, a ideologia se encontra em seu estado mais puro, obscurecendo as verdadeiras opções. A “democracia liberal” não é a alternativa ao “fundamentalismo” muçulmano, coloca. O filósofo esloveno vem ao Brasil no fim de maio para apresentar conferência em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O filósofo italiano Giorgio Agamben estuda em Estado de Exceção a contraditória figura dos momentos antes “extraordinários” – de emergência, sítio, guerras – onde o Estado usa de dispositivos legais justamente para suprimir os limites da sua atuação, a própria legalidade e os direitos dos cidadãos. Segundo o autor, “o estado de exceção apresenta-se como a forma legal daquilo que não pode ter forma legal”. Um poder além de regulamentações e controle, que, para Agamben, hoje não é mais excepcional, mas o padrão de atuação dos Estados. Obra fundamental para entender o Estado e a política contemporânea, o livro expõe as áreas mais obscuras do direito e da democracia. Justamente as que legitimam a violência, a arbitrariedade e a suspensão dos direitos, em nome da segurança, a serviço da concentração de poder.
Com o retorno dos títulos às livrarias, a reflexão sobre os acontecimentos do início do século XXI se enriquece: com a reafirmação do medo pelos Estados frente à “possibilidade de retaliações terroristas” e a glorificação cinematográfica do poder norte-americano por parte da mídia, faz-se necessário ultrapassar a análise circunstancial do fato para buscar o cerne dos impasses de nosso tempo.
Vocês mandam muito bem.
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O pós – 11 de setembro foi o terror norte-americano instaurado e estávamos identificados. Mas milagrosamente eles voltaram atrás no momento que ia atingir um nível máximo. Não sei porque voltaram atrás, não pioraram num nível insuportável a situação.
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O que foi o 11 de setembro? Porque não escrevem textos com análises profundas sobre o 11 de setembro? Tudo o que se escreve sobre esse acontecimento não convence ninguém porque os textos são relatos apenas, nenhuma análise convincente, somente juízos de valores. Dá pra perceber que existe alguma coisa por trás do 11 de setembro mas ninguém tem coragem de falar.
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