Boitempo lança ‘Sobre a questão judaica’, de Karl Marx

Ainda neste mês de abril a Boitempo lança Sobre a questão judaica, importante obra de Karl Marx escrita em 1843.

Em Sobre a questão judaica, Karl Marx realiza reflexões sobre as condições dos judeus alemães em meados do século XIX e estabelece propostas para a solução de suas questões concretas. Mais do que a análise de uma conjuntura específica, esta obra traduz a passagem definitiva de Marx para o materialismo histórico, se tornando assim uma leitura fundamental para a apropriação de seu legado.

Ilustração: Cássio Loredano

Neste ensaio, Marx critica a teorização sobre a tentativa de emancipação política por parte dos judeus na Prússia, realizada em dois estudos de autoria de outro jovem hegeliano, Bruno Bauer – cuja produção serve de base para Marx realizar sua própria análise dos direitos liberais. Publicado em Paris no ano de 1844, no único número dos Anais Franco-Alemães, o texto reflete sobre a incapacidade de Hegel para resolver a questão da relação da sociedade civil burguesa com o Estado.

A obra marca, assim, um momento crucial da mudança intelectual e política de Marx que desembocaria na sua teorização sobre a luta de classes e a revolução. O livro reúne ainda cartas trocadas por Marx e Arnold Ruge, publicadas nos Anais, além de um prefácio e um ensaio do filósofo francês recentemente falecido, Daniel Bensaid, que atualizam a discussão a respeito da “questão judaica” e suas reflexões. Confira um trecho de Bensaid abaixo:

“A suposta dissociação entre Estado e nacionalidade, nacionalidade e cidadania da “via americana” faz com que ser alemão ou judeu, “ou o que quer que seja se torne mais ou menos uma questão que tem apenas um significado social ou cultural, mas não significa nada politicamente”. Em outras palavras, a solução consistiria em privatizar a identidade política, após ter privatizado a identidade religiosa. A mistura das populações pela globalização mercantil, o enfraquecimento dos Estados‑nacao, a redistribuição dos espaços e dos territórios, na verdade, tendem a multiplicar as situações de dupla nacionalidade ou de nacionalidades plurais. Os “abraços culturais” se cruzam e se combinam. Mas salvo reivindicar uma exceção judaica em nome do privilégio de povo eleito, essa lógica implicaria também uma desconfessionalização e uma desetnização do Estado de Israel, em outras palavras, sua dessionização. Resta saber que mediações sociais e que solidariedades de classe podem permitir que a universalização concreta acabe vencendo os pânicos identitários e as identidades autárquicas”.

Sobre a Coleção Marx e Engels

Ao editar a Coleção Marx e Engels, a Boitempo desenvolve um trabalho de recuperação da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, com novas traduções feitas diretamente do alemão e um aparato editorial que faz de seus livros uma referência para todos os interessados na obra marxiana.

Ficha técnica

Título: Sobre a questão judaica

Autor: Karl Marx

Prefácio: Daniel Bensaïd

Tradução do alemão: Nélio Schneider

Tradução do francês: Wanda Brant

Páginas: 144

Coleção Marx e Engels – Boitempo Editorial

4 comentários em Boitempo lança ‘Sobre a questão judaica’, de Karl Marx

  1. David Oliveira // 15/04/2010 às 8:22 pm // Responder

    Parabéns à Boitempo por lançar mais uma obra fundamental ao pensamento crítico. E ficamos na expectativa de que as demais obras de Marx e Engels sejam brevemente lançadas.

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  2. Sem dúvida alguma esta obra de Karl Marx (A Questão Judaica), levando adiante a proposta da editora Boitempo, de publicar as principais questões levantadas por este pensador revolucionário, traz para o Brasil uma proposta que está nos fazendo falta a um bom tempo, isto porque, a proposta da editora é trazer a lume uma tradução direta do alemão, algo que até então nós não tinhamos, isto pois, os tradutores em questão são de grande gabarito.
    Apenas espero, junto a outros tantos, que não deixem de nos presentear com o “BORRADOR”, material indispensável, para certa altura, para uma melhor compreensão de Karl Marx, e até aqui, a editora vem fazendo sem dúvida alguma um ótimo trabaho.

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  3. Rodrigo Conçole // 23/04/2010 às 11:54 pm // Responder

    É bom ver que teremos mais um título do Marx traduzido mas a editora podia traduzir mais textos inéditos como uma edição completa dos artigos jornalísticos que ele escreveu ou das cartas e livros como A Diferença entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a de Epícuro ou A Guerra Civíl na França

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  4. Felipe Figueiró Klovan // 13/05/2010 às 1:09 pm // Responder

    Parabéns! Ótima tradução. Mas continuo insistindo: quando a Boitempo irá se empenhar em traduzir pela primeira vez o tão discutido, porém pouco lido Grundrisse.

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