LANÇAMENTO – MENEGHETTI, O GATO DOS TELHADOS

 

Mouzar Benedito resgata a história de Gino Meneghetti, o anti-herói italiano que ganhou notoriedade por seus roubos e fugas espetaculares em São Paulo

“Minha primeira visão do mundo foi a cidade de Pisa, com sua torre inclinada. Tal como a torre, também o meu destino estaria sempre inclinado, cai-não-cai”. A frase de Gino Amleto Meneghetti já indica a trajetória incomum desta personagem da vida real. A história do larápio que fez fama na Pauliceia de meados do século XX será retomada na obra Meneghetti: o gato dos telhados, de Mouzar Benedito, que será lançada na próxima quinta-feira, dia 28.

Gino Meneghetti chegou em São Paulo pela onda de migração dos muitos italianos que vieram ao Brasil em busca de trabalho. Mas logo ficou claro que sua trajetória teria pouco de comum com a de maior parte de seus conterrâneos. Com uma linguagem irreverente, o jornalista Mouzar Benedito resgata a lendária “carreira” de Meneghetti, que foi avidamente acompanhada pela sociedade da época e gerou muitas histórias transmitidas até hoje na capital. Conhecido por roubar somente dos ricos e por sua politização contestadora, Meneghetti fez sua fama por empreender assaltos, fugas da polícia, por suas passagens pela prisão e por protagonizar muitos “causos” na cidade.

A pesquisa biográfica de Marcel Gomes e Antonio Biondi complementa o retrato de um dos maiores larápios que São Paulo já conheceu. A obra traz ainda a história em quadrinhos, criada em 1976 por Luiz Gê para o jornal Versus, que inspirou o curta metragem de Beto Brant sobre a história do italiano.

Na próxima quinta-feira, a Livraria da Vila recebe o autor, os pesquisadores e o cartunista para uma noite de autógrafos entre 19h e 22h. O lançamento será realizado na unidade da livraria localizada justamente em uma das casas que foi alvo do larápio no século passado – na Rua Fradique Coutinho, nº 915 (São Paulo).

Confira a orelha da obra assinada por Heródoto Barbeiro:

O ENCANTADOR DE MENINOS

Quando li a história de Meneghetti contada pelo Mouzar Benedito, foi como se descortinasse uma lembrança da minha infância vivida no Centro Velho de São Paulo, também registrado nesta mesma coleção Pauliceia. Por causa do “gato dos telhados” levei muitos tapas da minha mãe. Não me lembro se a primeira vez que o vi foi antes ou depois do IV Centenário de São Paulo, mas nenhum menino que ouvia suas histórias era capaz de esquecer ou deixar de admirar o velhinho baixinho, com forte sotaque italiano e uma boina de aba. Meus olhos brilhavam quando Gino Meneghetti vinha ao bar do meu pai, na baixada do Glicério. Ficava no balcão e contava como pulava muros, saltava telhados, enganava a polícia e descobria onde os ricos guardavam suas joias.

Era como um personagem que tinha saído do gibi e ali estava em carne e osso. Meneghetti era o bom ladrão, nada a ver com o temido Sete Dedos; era simpático e didático. Explicava à sua plateia que o melhor lugar para esconder joias era a lata do lixo. Ele mesmo não deixava de examiná-las em suas andanças, e dava verdadeiras aulas de como vasculhar cômodas e armários. Suas histórias sempre terminavam bem e não lembro dele fazendo qualquer alusão à polícia. E ninguém ousava perguntar. Era nostálgico, não se conformava que os furtos tivessem se transformado em assaltos. Garantia nunca ter usado uma arma, e ainda assim era um ladrão respeitável. Um dia ele sumiu do bar do meu pai. Só muito tempo depois soube que tinha sido preso por tentativa de arrombamento. Torci para que mais uma vez conseguisse enganar a polícia, como tantas vezes ele fez nas histórias que contava para os fregueses do boteco do Barbeiro.

1 comentário em LANÇAMENTO – MENEGHETTI, O GATO DOS TELHADOS

  1. luanda barbara meneghetti // 18/06/2010 às 10:23 pm // Responder

    ja conhecia a historia pelo que minha familia conta gino era primo de meu finado avô eles dizem que o chamavam de hobem hood meneghetti

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